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Milhares de comunistas indonésios foram massacrados em 1966 com apoio dos EUA

(dr) SCMP

Purga em Jacarta em 1965

Documentos desclassificados revelam novos detalhes sobre o massacre indonésio contra comunistas. De acordo com os documentos, Washington estava a par e apoiava a tomada do poder pelos militares e a perseguição dos opositores comunistas.

Segundo a ABC News, o Governo norte-americano tinha conhecimento e apoiava a campanha de exterminação realizada pelo exército indonésio que matou centenas de milhares de civis durante a histeria anti-comunista na Indonésia na década de 1960.

Os milhares de arquivos da embaixada norte-americana em Jacarta, relativos ao período entre 1963-66 foram tornados públicos na terça-feira após a revisão de desclassificação que começou sob a administração Obama.

O massacre aconteceu numa altura de histeria anti-comunista, não só na Indonésia, mas um pouco por todo o mundo.

Os documentos traçam a imagem de um devastador reino de terror entre o exército indonésio e grupos muçulmanos que já tinha sido esboçado por historiadores. Em 1965, a Indonésia tinha o terceiro maior partido comunista do mundo a seguir à China e à União Soviética, com vários milhões de membros, e o presidente do país, o carismático Sukarno, a ser socialista e anti-americano.

Há muito que se especulava sobre o apoio dos EUA e de governos aliados ao massacre que foi descrito como “um dos maiores do século XX” pela Agência Central de inteligência.

Os documentos agora revelam que os EUA forneceram armas, assistência económica, treinos às forças de Suharto (o segundo presidente indonésio) e uma lista com o nome de 5 mil comunistas séniores. Além disso, eram contínua e frequentemente avisados de como estaria a situação a progredir.

No entanto, em 1990, quando os primeiros rumores sobre a lista começaram a surgir, a embaixada americana assegurava que a lista em questão tinha sido elaborada por um oficial a título particular.

Um dos telegramas, que demonstra a regularidade com que o Executivo americano era informado, dá conta da “mudança fantástica que ocorreu em dez curtas semanas”, quando cerca de 100 mil pessoas foram exterminadas.

Os mesmos documentos revelam que o exército indonésio disse às embaixadas ocidentais que estavam a considerar derrubar o presidente Sukarno, menos de duas semanas antes do misteriosos assassinato de seis generais, a 30 de setembro de 1965, que terão sido o pretexto para o início da chacina.

O homicídio dos generais é frequentemente retratado como uma tentativa de golpe comunista contra o presidente indonésio, mas os documentos levantam a hipótese de que este pode ter sido apenas o mote que o exército do país precisava ao revelarem que o Exército americano tinha informação credível que contradizia a versão da Indonésia.

Além disso, os arquivos falam especificamente em mortes massivas a mando de Suharto, o general que, meses depois, tomaria conta da indonésia durante mais de três décadas.

ZAP //

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