J. Jotheri et al.

Grandes construções hidráulicas permitiram séculos de desenvolvimento da primeira cidade de que há registos. Tudo graças ao rio Eufrates — e à inteligência humana.
Em pleno coração da antiga Mesopotâmia, na região iraquiana de Eridu, cientistas mapearam uma gigante rede de 4000 canais artificiais, acompanhados por 700 quintas. Tudo datado de um período anterior ao primeiro milénio a.C..
De acordo com a histórica lista de Reis Suméricos, esta é a cidade mais antiga da História.
A maioria das estruturas de irrigação (essenciais à existência de cidades, por possibilitarem o acesso à água do rio Eufrates) foi enterrada sob sedimentação fluvial, o que se torna um obstáculo à investigação.
E foi mesmo essa disponibilidade de água — ou falta dela — que ditou o desaparecimento da cidade: houve uma mudança no curso de água do rio, explica a LBV. Apesar disso, o Eufrates permaneceu relativamente estável ao longo de vários séculos.
A análise dos padrões de fluxo de água, topografia, direções das correntes e a presença de estruturas de controlo hidráulico (como diques e ruturas naturais ou artificiais nos diques dos rios) permitiu aos autores do estudo publicado na Antiquity em fevereiro perceber que estes canais eram, de facto, artificiais, construídos por mão humana.
São 200 os canais principais, alguns com até 9 km de extensão e entre 2 a 5 metros de largura, e mais de 4000 canais “secundários”, com cerca de 10 a 200 metros de comprimento. A sua função era distribuir água para as terras agrícolas.
Já as 700 quintas, eram também grandes construções, que variam entre os 500 e os 20.000 m2.
De acordo com a LBV, esta descoberta não comprova apenas a descoberta da cidade mais antiga de que há registos, mas também prova que a agricultura da antiga Mesopotâmia dependia não apenas do solo fértil, mas também de um inteligente planeamento hidráulico.