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Fátima, 1917: o “milagre” que não terá sido milagre (mas também não foi um cometa)

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Hemeroteca Digital CM Lisboa

70 mil pessoas viram algo muito estranho na Cova da Iria, a 13 de Outubro de 1917. A 13 de Outubro de 2024 o cometa recupera o assunto.

No dia 13 de Outubro de 1917, cerca de 70 mil pessoas estavam em Fátima, na Cova da Iria. Todas juntas à espera de ver Maria – os três pastorinhos tinham dito que haveria uma aparição naquele dia. Todos disseram que viram algo muito estranho em Fátima naquele dia: um movimento do Sol, quase de ponta a ponta do céu, como se houvesse mais do que um. Foi o “Milagre do Sol”.

No dia 13 de Outubro de 2024, milhares ou milhões de pessoas viram o cometa C/2023 A3 Tsuchinshan-ATLAS. Foi o protagonista da noite astronómica de domingo, há inúmeras imagens e vídeos em Portugal que mostram a passagem do cometa.

13 de Outubro, nos dois casos. Claro que se colocou a pergunta: e se o “Milagre do Sol” era um cometa?

Não era.

Mas também não deve ter sido alucinação colectiva, ou uma mentira orquestrada por tanta gente.

Muitos astrónomos acreditam que aquelas pessoas – e muitas outras, mas sem relatos – viram um parélio.

Um parélio, ou falso sol, é um fenómeno óptico atmosférico raro, lembrava a Super Interessante.

A luz do Sol atravessa um cirro (um tipo de nuvem) feito de cristais de gelo; se os cristais estiverem em posições bem específicas, repartem, espalham a luz solar – e aí parece que há vários exemplares do Sol ao mesmo tempo.

É quase como se houvesse um Sol ao centro e dois espelhos, um de cada lado.

As nuvens escuras, e mais baixas, que estariam no céu de Fátima naquele dia, terão escondido duas “réplicas” do sol quando o parélio começou. Já estavam lá, mas não se viam. As nuvens continuaram a sair do sítio, como habitual, e esconderam uma imagem do Sol enquanto mostrava outras.

Percebe-se porque se pensou que era o Sol que se estava a mexer. Mas eram as nuvens que se mexiam e mostravam/escondiam o tal fenómeno.

Há relatos de que as pessoas viram um Sol a girar à volta do seu próprio eixo, ou que se estava a mover dentro de uma caixa. Foram 10 minutos assim, escreveu o então professor na Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra, José Almeida Garrett.

Judah Ruah / Illustração Portugueza / Wikimedia

Milhares de pessoas em Fátima, a 13-10-1917

O Observador deixou há uns anos outras hipóteses para este momento histórico de 13 de Outubro de 1917.

Uma delas é a gravidade: quanto mais afastados estiverem o centro de massa do Sol e o centro de massa do Sistema Solar, maior será a amplitude desse movimento solar.

Outra é a poeira estratosférica: conjunto de partículas que pairam na camada atmosférica logo acima da mais próxima à superfície terrestre. Há outros relatos científicos que descrevem (outros) momentos em que uma nuvem de poeira estratosférica alterou o aspecto do Sol.

Também pode ter sido tempestade solar, passando por erupções solares, ejecções de massa coronal, tempestades geomagnéticas ou um evento de protões solares.

E ainda há o síndrome de Jerusalém. O quê? Aqui o contexto é mental: as pessoas passam por ilusões ou experiências psicóticas de fundo religioso ao visitar espaços de adoração.

Já agora, encontrámos um relatório antigo (muito antigo) das observações de meteoritos um “pouquinho” mais a norte: em Bristol, Reino Unido. O documento indica que a sequência de meteoritos naquela altura começou no dia… 13 de Outubro de 1917.

Não, não há relação. Em princípio.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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1 Comment

  1. Como uma pessoa não pode rir desses “cientistas” que criam estudos e teorias sem observação do fenómeno e geram conclusões sempre opostas aos milhares de pessoas que observaram incluindo observadores de um regime fascista opressor que algo poderia ferir a sua retórica era censurado e eles aceitaram com verdade absoluta. Qualquer desculpa serve para validar as suas crenças para se tornarem verdade ou pior fazem isto com malícia para desviar as pessoas da verdade.

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