Meta vai gastar 665 milhões de litros de água do Tejo por ano

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dungodung / Flickr

Vista do Rio Tejo junto à Praça do Comércio, em Lisboa

O projeto para um novo centro de dados da Meta em Espanha está a causar polémica devido aos enormes consumos de água e de energia que exige numa região em pré-alerta de seca.

A Meta conseguiu a autorização das autoridades espanholas e vai avançar com a construção de um grande centro de dados em Talavera de la Reina, junto ao rio Tejo, que se estima que consuma 665 milhões de litros de água por ano. A região em causa está em pré-alerta de seca.

De acordo com o Correio da Manhã, o complexo terá uma área de 180 hectares e a empresa dona do Facebook, Instagram e WhatsApp garante que o uso eficiente da água será uma das suas prioridades, comprometendo-se a “restaurar mais volume de água do que a que for consumida, mediante projetos de restauração hidrológica“.

Os centros de dados das gigantes tecnológicas, como a Meta ou a Google, têm um grande impacto ambiental. Os computadores dos centros funcionam durante 24 horas por dia e o seu trabalho constante exige sistemas de refrigeração sofisticados e que consomem muita água e energia.

Em Espanha, a maior parte dos centros de dados utiliza circuitos fechados de água, que arrefecem os sistemas e recuperam o líquido evaporado por condensação, podendo reutilizá-lo.

Mesmo assim, a dimensão do novo centro de dados da Meta está a ser muito contestada por grupos ambientalistas, que acreditam que não há forma de o projeto ser sustentável, especialmente numa região a sofrer com a seca.

A organização Ecologistas en Accion aponta, por exemplo, que seria preciso um parque de 400 hectares com painéis solares para alimentar o consumo elétrico do centro de dados com energias renováveis.

Esta situação pode vir a agravar a guerra pela água entre Portugal e Espanha. Nos últimos meses, com o agravamento da seca, os agricultores espanhóis contestaram a abertura das barragens e a transferência de água para Portugal. O Governo de Madrid chegou até a admitir que nalgumas bacias hidrográficas será “complicado cumprir integralmente o Acordo de Albufeira”.

A situação de seca meteorológica agravou-se em Portugal continental no mês de abril, estando 89% do território continental em seca, 34% da qual em seca severa e extrema, segundo o IPMA. Num mês, a área em seca em Portugal continental quase duplicou em relação a março, quando era de 48%.

No fim do mês passado, 33,2% do território estava em seca moderada, 22% em seca fraca, 19,9% em seca severa, 14,1% em seca extrema e 10,8% normal.

Em abril do ano passado, todo o território de Portugal continental já estava em situação de seca, a maior parte em seca moderada (87,2%).

ZAP // Lusa

9 Comments

  1. Claro que há maneiras e maneiras de dar a mesma notícia: Quando se diz que a Meta vai GASTAR 665 Milhões de Litros de Água do Tejo e se junta uma foto com o Cais das Colunas, portanto no Estuário do Tejo, a maioria do leitores vai ficar influenciado pela maneira de expor a situação. Talvez informando que a Água é utilizada, não se especificando se GASTA OU USADA, em Talavera de la Reina, Espanha, que os Espanhóis não podem nem devem abandonar os seus projectos por causa dos Portugueses que, pelos vistos, não desenvolvem nem querem que os Espanhóis desenvolvam novas tecnologias (tendo rios que são SÓ Portugueses e nem sequer aproveitam a água do imenso Mar que, dessalinizada, daria para combater a seca),
    NADA COMO CONTINUAR A CULPAR OS ESPANHÓIS DOS PROBLEMAS QUE OS PORTUGUESES NÃO SABEM OU NÃO QUEREM RESOLVER

    • Entre o estuário e a fronteira com Espanha ainda são muitos kilometros, dá que pensar esse imenso espaço sem que a água retorne de novo aos rios. O acordo hidrográfico tem que ser cumprido.. Não há modo de inventar nada. Vão se construir dessanalizacoes, para repor as águas no interior de Portugal??? Grande pensar, só a imensidão de custos será insuportável. Não inventem tanto.

      • Não me considero ofendido por ser chamado à atenção por quem demonstra IGNORÂNCIA:
        COM QUE ENTÃO CUSTO INSUPORTÁVEL? É só perguntar aos Países e Donos de Navios que já usam essa tecnologia.
        Não será também CUSTO INSUPORTÁVEL PARA OS CONTRIBUINTES OS MILHARES DE MILHÕES DE EUROS LEVIANAMENTE ESBANJADOS EM GASTOS DE 5ª OU 6ª PRIORIDADE EM VEZ DOS DE
        1ª NECESSIDADE?

    • Absolutamente de acordo com a sua análise, tanto sobre a forma tendenciosa e habitual como é apresentado e depois como sempre, esse tal jeito português que me leva a compará-lo com o Calimero o (choramingas)
      Sempre a tentar encontrar um responsável para justificar uma incapacidade quase genética de encarar um problema e procurar a solução na vez de baixar os braços e culpar os outros

  2. Entretanto em Portugal espera-se pela mais do que evidente e anunciada catástrofe da falta de água, sem a implementação de politicas de armazenamento e utilização da água, de relevo (se é que alguma…).

    Para quando a fiscalização, avaliação e responsabilização dos políticos??

    Ser politico deve ser das poucas atividades profissionais do setor público sem medição de desempenho nem atribuição de responsabilidade. Não é por isso de admirar que siga a inação criminosa dos políticos Tugas, que esperam que os problemas, por mais evidentes que sejam, tenham consequências graves, para fazer o que quer que seja,

    • … Atirando as culpas NUNCA ASSUMIDAS para a Direita, para a Conjuntura, para as Alterações Climáticas, para a Guerra da Ucrânia e mesmo NÃO FAZENDO NADA, MENTEM que fizeram tudo “O QUE ESTAVA AO NOSSO ALCANCE”. Talvez em vez de DAR DESCULPAS IMATURAS NÃO FOSSE PIOR EVITAR DESCULPAS ACTUANDO A TEMPO E HORAS

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