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Messi jogou como sempre e como nunca. A culpa é do vórtice polar?

Lionel Messi fez esta quarta-feira o primeiro jogo oficial de 2025. Jogou bem como sempre; mas com um frio como nunca. Isto porque uma tempestade de inverno está a levar os EUA a temperaturas negativas recorde.

Os EUA estão a passar por uma “tempestade de inverno” sem precedentes.

O frio recorde tem-se espalhado por vários estados do centro e leste do país.

De acordo com o Serviço Nacional de Meteorologia (NWS), nos próximos dias, preveem-se temperaturas entre 34 e 51 graus Celsius (ºC) negativos em vários estados, como Texas, Arkansas, Tennessee e Kentucky.

“Até sexta-feira, vários recordes diários vão ser batidos, com alguns locais a experimentar a temperaturas mais frias já registadas”, previu o NWS.

Frio do Ka(ra)nsas…

Esta quarta-feira, um ‘nadinha’ acima dos estados supracitados, em Kansas,  estiveram Lionel Messi e companhia, para o primeiro jogo oficial da época.

O Inter Miami venceu (0-1) o Sporting Kansas, com um golo de… Leo Messi, naturalmente.

Curiosamente, especulava-se que o astro argentino nem sequer fosse a jogo, precisamente devido ao frio.

Mas foi – e vimo-lo jogar como nunca. Não pelo que fez em campo (porque a que ele seja decisivo já nós estamos habituados); mas sim pela forma invulgar como apareceu vestido.

 

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Camisola de manga comprida, meias-calças, luvas e gola: primeiro, aprontou-se para derrotar o frio (-15ºC); depois, sim, despachou o Kansas com um golaço.

Culpa do vórtice polar?

Alguns meios de comunicação social norte-americanos têm estado a associar a vaga de frio ao vórtice polar – área de baixa pressão e ar frio que circula em torno dos pólos Norte e Sul na estratosfera (camada da atmosfera entre 12 e 50 quilómetros acima da superfície da Terra).

Os vórtices polares existem durante todo o ano nos pólos. No hemisfério norte, o vórtice polar expande-se muitas vezes durante o inverno, empurrando o ar frio para sul com a corrente de jato.

Na semana passada, o aquecimento das temperaturas na estratosfera diminuiu os ventos de oeste e enfraqueceu o vórtice, que se afastou ligeiramente do Pólo Norte. Isto permitiu que algum frio se deslocasse mais para sul.

“Este enfraquecimento do vórtice e o seu movimento podem ter contribuído para a deslocação da corrente de jato polar para sul, através do sul do Canadá, e para o frio que está a afetar os EUA esta semana e na próxima”, afirmou o meteorologista Paul Pastelok à Live Science.

No entanto, advertiu o meteorologista, não é claro se o vórtice polar desempenhou efetivamente esse papel.

O especialista disse que a área de alta pressão sobre o norte do Canadá terá sido o principal impulsionador, forçando o ar frio a afundar-se para sul nas planícies centrais e no vale do meio do Mississippi. Este ar frio colidiu depois com temperaturas mais quentes a sul, dando origem a tempestades.

“O frenesim de fevereiro foi motivado por um forte contraste de temperaturas mais quentes ao longo da Costa do Golfo e de ar mais frio no norte das Rochosas, nas planícies do norte e no Canadá”, afirmou Pastelok.

“Entre este contraste acentuado, havia uma zona de tempestade a dividir as duas massas de ar que levou a este frenesim”, completou o principal responsável pelas previsões de longo prazo da AccuWeather.

Também à Live Science, Amy Butler, pesquisadora do Laboratório de Ciências Químicas da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), disse que o papel do vórtice polar no frio de fevereiro não é muito claro.

Butler acha que a alta pressão no Ártico – parte de uma mudança de pressão atmosférica chamada Oscilação do Ártico – é a verdadeira responsável pelo tempo frio no centro dos EUA.

“Esta região de alta pressão sobre o Ártico representa uma acumulação de massa de ar que ajuda a deslocar a corrente de jato para sul e permite que o ar frio do Ártico se espalhe para sul”, afirmou.

Alguns estudos sugerem que o aquecimento do Ártico pode estar a perturbar o vórtice polar. Um publicado em 2021 na Science concluiu que a amplificação do Ártico foi provavelmente um fator importante nos eventos de alongamento do vórtice polar que trouxeram frio extremo à América do Norte nesse mesmo ano.

Miguel Esteves, ZAP //

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