Mensalão: campanha dos condenados paga multas e ainda sobra para os amigos

Wilson Dias / ABr

João Paulo Cunha, ex-Presidente da Câmara dos Deputados brasileira, é um dos condenados do Mensalão

João Paulo Cunha, ex-Presidente da Câmara dos Deputados brasileira, é um dos condenados do Mensalão

As multas associadas às penas dos condenados do Mensalão, esquema de corrupção no Brasil, estão a ser pagas através de doações. O apoio aos políticos corruptos foi tão grande que João Paulo Cunha, um dos “mensaleiros”, nem sequer vai precisar de iniciar uma campanha própria: o valor que sobrou do montante arrecadado pelo ex-tesoureiro do Partido dos Trabalhadores, Delúbio Soares, foi suficiente para pagar a sua dívida de cerca de 115 mil euros. 

Ao contrário do que fizeram os parentes e amigos de outros condenados do PT (partido de Dilma Rousseff e Lula), como o ex-presidente do PT José Genoino, Delúbio Soares e o ex-ministro José Dirceu, o ex-deputado João Paulo Cunha recebeu o valor excedente da arrecadação coletiva de outra campanha para pagar a multa que lhe foi imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF). 

A doação foi feita pelo grupo que criou o site de apoio a Delúbio Soares. Havia rumores de que esse dinheiro seria destinado ao pagamento da multa de José Dirceu, mas a informação foi corrigida esta quinta-feira, com a confirmação do novo destino das doações.

Na página da internet criada para divulgar as atividades do ex-deputado, o grupo, que assina como “Coletivo de apoio e solidariedade a João Paulo Cunha”, destacou que o dinheiro “é suficiente para saldar a multa de João Paulo, além de todos os tributos adicionais”.

​O ex-parlamentar foi notificado ontem (12) pela Vara de Execuções Penais do Distrito Federal e teria dez dias para pagar a multa no valor de 373, 5 mil reais (cerca de 115 mil euros). João Paulo Cunha foi condenado pelos crimes de corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro.

João Paulo, que foi presidente da Câmara dos Deputados entre 2003 e 2005, está preso desde o dia 4 de fevereiro no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, onde cumpre a pena de seis anos e quatro meses em regime semiaberto. No final da semana passada, o ex-deputado renunciou ao mandato logo depois do STF ter expedido a ordem de prisão e evitou, com esta decisão, a abertura de um processo legislativo de cassação parlamentar.

ZAP / ABr

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