No período da menopausa, as mulheres apresentam mudanças significativas nos seus perfis de colesterol no sangue.
Uma nova investigação, apresentada no Congresso ESC 2024 em Londres, no Reino Unido, revelou recentemente que, no período de transição da menopausa, as mulheres apresentam mudanças nos seus perfis de colesterol no sangue que podem ter um impacto negativo na sua saúde cardiovascular.
“Há um aumento nas partículas ‘más’ de lipoproteína de baixa densidade (LDL) e uma diminuição nas partículas ‘boas’ de lipoproteína de alta densidade (HDL) durante e após a transição da menopausa”, começou por explicar a investigadora Stephanie Moreno, citada pelo News Medical.
“Em conjunto, estas alterações sugerem que a menopausa está associada a uma transição para um perfil de lipoproteína de alto risco que pode ter maior probabilidade de causar doenças cardiovasculares, como doença arterial coronariana”, acrescentou.
A doença cardiovascular é a maior causa de morte entre as mulheres. Embora desenvolvam a doença cerca de dez anos mais tarde do que os homens, o risco aumenta após a menopausa.
Os mecanismos subjacentes a essa aceleração no risco ainda não são bem compreendidos, mas sabe-se que, durante esse período, existem mudanças adversas nos índices de gordura (lípidos) no sangue.
Neste estudo, os cientistas analisaram em detalhe as mudanças ao longo do tempo nas partículas de lipoproteína que ocorrem durante a transição da menopausa. Um total de 1246 participantes foram submetidas à medição de lipoproteínas comuns (LDL-P aterogénico e LDL pequeno e denso) e, usando ressonância magnética nuclear, a equipa comparou as alterações longitudinais nas medidas de lipoproteínas entre mulheres e homens.
Todos os grupos femininos viram um aumento no LDL-P, mas a maior mudança percentual foi encontrada entre os grupos peri e pós menopausa (8,3%). Quando comparado com o grupo masculino, o grupo da pós-menopausa apresentava a maior variação percentual de HDL-P, com uma variação negativa de 4,8%.
O LDL de baixa densidade teve uma variação percentual maior no perigrupo (idade média de 42 anos) quando comparado com os homens, com uma mudança de 213%. Essa variação percentual é cerca de 15% maior do que os grupos pré e pós-menopausa.
“Descobrimos que a menopausa está associada a mudanças adversas nos perfis de lipoproteínas, sendo que as mudanças mais pronunciadas são encontradas em aumentos nas partículas e subfrações de LDL ‘maus’ em mulheres na perimenopausa”, detalhou Moreno.
“Estas mudanças podem ajudar a explicar o aumento de doenças cardiovasculares em mulheres na pós-menopausa e ajudar a determinar se serão necessárias intervenções precoces”, rematou.