Uma peregrinação muito famosa, aparentemente, traz outro espírito a mulheres, sobretudo numa fase específica da sua vida.
O relato surgiu noutro país mas o ZAP foi apurando que, por cá, há mulheres que querem muito fazer ou mesmo – ou que já fizeram e sentem que resultou mesmo.
Rhonda Carrier partilhou no The Telegraph que percorrer um dos Caminhos de Santiago ajudou-a muito nesta fase da sua vida.
Qual fase: tem 50 anos, está na menopausa e em processo de divórcio.
O percurso escolhido foi o Camino de Invierno. Que acaba por ser um “remédio também para os viajantes modernos”.
Foram vistas deslumbrantes de vinhas na Galiza, numa rota íngreme, até Belesar. Vistas que compensaram o grande esforço físico.
O nosso conhecido Rio Minho distrai quem viaja por lá e tem de passar por descidas “penosas” e subidas “árduas”.
E, para trás, já tinham ficado cerca de 30 quilómetros.
Foi uma semana de peregrinação que começou em Monforte de Lemos.
Curiosamente, Monforte de Lemos é a capital da região vinícola de Ribeira Sacra – e o vinho costuma ser um bom companheiro para mães divorciadas e na menopausa, na casa dos 50 anos.
A jornalista especialista em viagens descobriu vinícolas locais, descobriu histórias de locais, histórias locais.
Descobriu caminhos (dos) locais.
O que era, o que é
“E encontrar o caminho é o que traz muitas pessoas ao próprio Caminho”, lembrou Rhonda.
Porque, podemos assumir, o Caminho de Santiago não é o que era.
Antes, era preenchido por peregrinos religiosos que procuravam perdão, pagar pelos seus pecados, no caminho difícil a pé até chegarem à suposta sepultura de São Tiago, na Catedral de Santiago de Compostela.
Hoje, quem percorre o Caminho de Santiago são muitas vezes pessoas que estão a atravessar uma fase de mudança significativa na sua vida. Ou então que procuram uma experiência muito diferente do que já fizeram.
Procuram respostas. Querem encontrar-se.
O percurso
Foram pela tal região da Ribeira Sacra, que costuma ter maior densidade populacional durante o Inverno – os peregrinos evitam por ali as montanhas cheias de neve.
Este foi o percurso escolhido por causa do… silêncio. E com vistas deslumbrantes, como já foi referido.
Foram por estradas rurais e caminhos florestais, através de paisagens alternadamente envoltas em névoa ou ensolaradas; pinheiros, eucaliptos e musgos; paredes de pedra, gatos sonolentos, capelas e igrejas perdidas no tempo, numa área recordista de edifícios religiosos românicos da Europa; galinheiros para enganar raposas.
Isto, entre outras coisas, fez parte do percurso.
Vantagens
Caminhar foi benéfico para ela e para a sua companheira de viagem.
Porquê? “Principalmente pela sua capacidade de combater os sintomas da menopausa e a depressão, além de aumentar a auto-estima física e a satisfação com a vida”.
As mulheres mais velhas têm, de facto, procurado mais o Caminho de Santiago.
“O acto de colocar um pé na frente do outro – subindo e descendo encostas, ao longo de vales e cumes rochosos – é revigorante e monótono ao mesmo tempo, embalando-nos numa sensação de paz profunda“, descreveu a especialista.
A ligação com família ou amigos não desaparece (há telemóveis) mas o essencial é “estar no nosso próprio mundo, sintonizando os sons da natureza, ou podcasts, ou música.
Os mapas digitais são dispensáveis. Parte da diversão do Caminho é identificar as setas amarelas e os sinais que indicam o percurso. “É como uma espécie de missão”.
E depois há os encontros com outros caminhantes. Cada um do seu país, cada um com a sua história de vida, cada um com a sua idade.
Mas todos eles à procura de algo.
Exemplos: uma jovem a pensar se queria ter filhos, um casal a lidar com infertilidade, um soldado com stress pós-traumático, um homem a pé dar numa antiga namorada que fez aquele Caminho consigo…
“Mas, para nós, a jornada foi uma celebração da amizade – embora às vezes também um teste de amizade”, relatou.
“Ficar um pouco perdida ao não prestar atenção aos sinais, andar em ritmos diferentes, precisar de descansar em pontos diferentes – poderiam facilmente ser momentos difíceis quando se está na companhia de alguém 24 horas por dia, mas, na verdade, esses momentos só provaram a força do nosso vínculo”, descreveu.
Porque esta caminhada mostrou outra coisa: acompanhar a outra pessoa nos momentos mais difíceis da caminhada dão a noção da escala daquela amizade.
Fim
E eis o final “comovente”, em Santiago de Compostela, a imponente capital galega. O “quilómetro zero”.
“De certo modo, pelo menos para mim, fazer o Caminho foi como voltar mentalmente ao zero, despojando-me dos compromissos quotidianos, distracções e preocupações. Agora eu sentia que podia reconhecer – e mudar – todos os meus padrões de pensamento inúteis e formas de ver as coisas”, explicou Rhonda.
Ficou de pé, em frente à Catedral de Santiago de Compostela.
Começou a pensar na sua vida – é um jornada que nunca está realmente terminada porque o que tu queres muda com o tempo.
Chegar à Catedral foi uma vitória. Mas o mais importante nesta aventura foi outra coisa: “O processo de reconexão com a natureza, desligar o meu cérebro e os pensamentos e superar as dores“.
“Aproveitando o desafio físico, aprendi a ir passo a passo, confiando que estou no caminho certo”, concluiu.
De novo como em mais de uma ocasião, asneira.
Volto a dizer há que informar-se antes de dizer asneiras.
A Ribeira Sacra não é no rio Minho (que é o rio nacional da Galiza) mas sim o Sil que é o maior afluente do Minho.
Além disso o Caminho mesmo tendo essa envolvente do suposto apostolo Iago sempre foi mais do que religioso.
Para quem entra en Andropausa , esta cura milagrosa , também dá ?