Pelo menos 33 pessoas morreram e outras 39 ficaram feridas num incêndio registado esta quarta-feira num orfanato na Guatemala, quando as jovens tentaram protestar contra os abusos sexuais e físicos que sofrem, segundo fontes familiares.
O provedor dos Direitos Humanos, Abde Paredes, explicou aos jornalistas que, segundo as primeiras investigações, o fogo foi posto pelas próprias meninas e terá começado num colchão.
O departamento nacional da polícia referiu que um total de 39 pessoas ficaram feridas, 14 das quais em estado grave devido a queimaduras.
Uma centena de pessoas concentrou-se no local para pedir às autoridades as identidades dos mortos e feridos, não tendo recebido, até ao momento, qualquer informação.
As meninas feridas e mortas terão alegadamente escolhido o Dia Internacional da Mulher para protestar contra os abusos sexuais e físicos que sofrem no orfanato.
O pai de Pablo, um menino de 14 anos, contou que o filho está no centro, mas desconhecia o seu estado. O homem disse, contudo, não ter dúvidas que o rapaz é vítima de abusos.
“É assim que tratam as pessoas. É uma porcaria. Tem feridas quando o venho ver e se lhe pergunto quem lhas fez fica zangado”, disse o homem, que prefere não se identificar.
No centro estavam 748 menores, apesar de a sua capacidade ser de 400, incluindo órfãos e vítimas de violência e alguns acusados de pertencer a grupos criminosos ou de terem cometido delitos, segundo os familiares.
Um grupo de mulheres comentou os testemunhos de várias crianças que alegam serem “espancadas e violadas”.
“Não são criminosos, nem animais. São crianças, são pessoas, são adolescentes”, gritou uma delas.
O Presidente da Guatemala já anunciou a destituição do diretor do centro de menores e manifestou ainda o seu pesar e a sua “solidariedade” para com as famílias e os feridos, decretando, em face “da dimensão desta tragédia nacional”, três dias de luto.
Numa mensagem à nação, Jimmy Morales afirmou que o executivo “lamenta profundamente” a tragédia e anunciou que estão a ser investigadas as causas do incidente para se poderem apurar responsabilidades, apesar de lamentar que “os órgãos jurisdicionais” não tenham respondido a tempo de transferir alguns dos menores.
O orfanato tem estado envolto em polémica desde 2016. Pelo menos 47 jovens fugiram, o que levou a Secretaria da Presidência, responsável pela custódia das crianças a destituir o diretor.
As autoridades investigam desde então os factos e uma juíza decretou o encerramento do centro, motivo que levou dois juízes do Supremo Tribunal da Justiça a deslocar-se ao local para verificar a situação.
Dezenas de bombeiros, a polícia, a Cruz Vermelha e membros da Coordenação Nacional para a Redução de Desastres estiveram no local.
ZAP // Lusa
Como são hipócritas todos! O Presidente da Guatemala, eleito para cuidar do seu povo, nunca escolheu auxiliares que o alertasse de uma instituição com capacidade para 400 pessoas estava com quase o dobro? Quantas outras instituições nesta condição neste e em outros países estão com superpopulação, dirigida por gente totalmente despreparada? E os pais, que visitavam os filhos, percebiam que algo estava errado e não buscaram uma forma de proteger seus filhos? As “solidariedades” e os “lamentos” são afrontas dos politicamente corretos, que hoje comandam a política e a sociedade, às pessoas vulneráveis e principalmente às crianças.
Concordo plenamente! Ridiculo chegar se a uma situação dessas para que haja qualquer tipo de acção por parte das autoridades.