Este domingo, no terceiro dia de eleições na Rússia ocorreu um protesto contra o Presidente russo, Vladimir Putin, chamado “Meio-dia Contra Putin”, notável na adesão às urnas àquela hora. Foram detidas, pelo menos, 74 pessoas.
Sinal de descontentamento ou não, o que é certo é que a adesão às urnas no sufrágio das presidenciais russas aumentou na hora marcada para protesto o anti-Putin.
De acordo com número recolhidos pela agência de notícias EFE, o número de eleitores aumentou significativamente em Moscovo até às 12h00, hora marcada pela oposição para as pessoas se deslocarem aos centros de votação para demonstrarem a sua rejeição à Putin, numa ação chamada “Meio-dia Contra Putin”.
O protesto internacional “Meio-dia contra Putin” convida os cidadãos russos, na Rússia e no resto do mundo, a deslocarem-se às respetivas assembleias de voto às 12h00 “para expressarem uma posição coletiva contra a atual situação política”.
Os moscovitas formaram longas filas em frente às escolas sob o olhar atento dos agentes de segurança, que, no entanto, não intervieram para impedir a ação de protesto, apesar dos avisos do Ministério Público sobre a proibição de participar em aglomerações no terceiro dia das eleições, que começaram na sexta-feira com vários incidentes.
Esse aumento na participação eleitoral também ocorreu em outras cidades russas, bem como nas embaixadas do país no estrangeiro, segundo a EFE.
A manifestação “Meio-dia contra Putin” foi apoiada em fevereiro pelo falecido líder da oposição Alexei Navalny, pouco antes da sua morte em circunstâncias estranhas, na prisão.
Essa ação de protesto também incentivou os seus participantes a boicotarem a eleição, a votarem em qualquer outro candidato que não fosse o presidente russo ou destruir o boletim de voto.
Além de receber o apoio de quase toda a oposição no exílio, como do magnata Mikhail Khodorkovsky, a ação também foi apoiada pelos opositores dentro da Rússia, como de Yekaterina Duntsova – que tentou concorrer às eleições presidenciais, mas não conseguiu a aprovação da comissão eleitoral.
Também o político pacifista Boris Nadezhdin, que foi vetado pelas autoridades eleitorais russas, apoiou o protesto da oposição e garantiu que “o povo russo tem hoje a oportunidade de mostrar a sua posição sobre o que acontece votando não em Putin, mas em outra pessoa”.
Numa tentativa de frustrar os planos da oposição, o Ministério Público russo afirmou que apelar ou participar em tais ações poderia levar a penas de prisão por obstrução do processo eleitoral.
Já foram detidas 74 pessoas
Pelo menos 74 pessoas foram detidas em 17 cidades na Rússia, de acordo com várias organizações não-governamentais (ONG).
O número deve crescer ao longo do dia.
Em Moscovo, um casal foi detido por usar uma tarja com citações de George Orwell, autor do livro “1984”, e noutros locais foram também feitas várias detenções no âmbito do protesto “Meio-dia contra Putin”.
Eleições controversas
A existência de sufrágio em regiões ucranianas ocupadas pelos russos está a gerar muita polémica.
Ucranianos de regiões como Kherson, Zaporijia, Lugansk e Donetsk, ocupadas pela Rússia estão a ser coagidos a participar na eleição do próximo presidente russo – num ato que servirá para nada.
O Presidente russo concorre nestas eleições a um quinto mandato como chefe de Estado da Rússia, até 2030, ano em que completará 77 anos, com a possibilidade de um mandato adicional até 2036, devido a uma alteração constitucional feita em 2020.
Segundo a Comissão Eleitoral Central, 112,3 milhões de eleitores são chamados a votar na Rússia e também nas regiões ocupadas na Ucrânia e na península ucraniana da Crimeia anexada, a que se somam 1,9 milhões no estrangeiro.
As eleições são vistas como uma mera formalidade com um vencedor antecipado, tendo sido autorizadas apenas candidaturas classificadas como amigáveis em relação ao Kremlin.
Pelas 14h15 (hora local, menos três em Lisboa), a participação estava em 74,09% dos estimados 112 milhões de eleitores, revelou a CEC nos dados mais recentes apresentados até agora.
Em 2018, Putin venceu na primeira volta com 77,7%, deixando a larga distância os outros candidatos, num ato eleitoral que teve uma participação registada de 67,54%, embora observadores e eleitores individuais tenham relatado violações generalizadas, incluindo enchimento de urnas e votações forçadas.
ZAP // Lusa
O Brasil tá quase assim. Protesto contra Lula, contra o governo, as eleições ou o Supremo Tribunal é chamado de “ato anti-democrático”… A democracia de certos países notadamente esquerdistas como Rússia, China, Venezuela, Cuba, Brasil é que é um ato anti-democrático. Facismo puro e simples.