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Os médicos da Idade Média já operavam as complicações da otite

A otite era uma patologia igualmente comum na Idade Média, mas, sem antibióticos, os pacientes podiam facilmente sofrer um agravamento da infeção. Uma equipa de cientistas da Universidade Autónoma de Barcelona (UAB), em Espanha, descobriu que os médicos medievais tratavam essas complicações com uma intervenção muito semelhante à usada na medicina moderna. 

Se não for tratada a tempo, a otite média pode causar sérios danos às estruturas e à mastóide do crânio, podendo inclusivamente causar a sua perfuração.

Esta doença é muito comum em crianças, sendo atualmente tratada com antibióticos. De acordo com os investigadores, a otite era igualmente comum no passado, mas, como não havia antibióticos disponíveis, aqueles que sofriam desta condição “poderiam facilmente sofrer um agravamento da infeção”.

Os investigadores analisaram o crânio de uma criança, com cerca de 12 anos, datado da época medieval e enterrado em La Vall d’Uixó, Castellón. Segundo o El Español, o crânio apresenta uma lesão compatível com uma perfuração por otite.

A perfuração no crânio da criança, que tinha cerca de 12 milímetros de diâmetro e era localizada logo atrás do orifício da orelha direita, era circundada por uma coloração esverdeada e as radiografias permitiram identificar sinais de mastóidite, uma complicação da otite média que causa o aparecimento de pus nas células aéreas do processo mastóide.

A observação microscópica permitiu ainda detetar sinais de uma infeção grave. “As características da perfuração tornam-na compatível com uma mastoidectomia, uma operação que ainda continua a ser realizada para o tratamento da mastóidite”.

A equipa aponta também que pode, porém, tratar-se de um abcesso que o corpo formou naturalmente para evacuar o pus causado pela própria mastóidite, ou ser o resultado de uma intervenção cirúrgica numa área que já tinha uma fístula.

Os autores do artigo escreveram que “a lesão observada e as suas possíveis interpretações são novas no registo paleopatológico, principalmente na área da otorrinolaringologia, e podem ajudar a identificar futuros casos de qualquer outra cronologia”.

“Além disso, este caso tem implicações muito interessantes para pesquisas em conhecimento médico, acesso a medicamentos no mundo islâmico medieval e na Península Ibérica”, concluíram.

O artigo científico foi recentemente publicado no International Journal of Paleopathology.

ZAP //

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