Os médicos da urgência do Hospital Garcia de Orta já acumularam, este ano, mais de 300 horas de trabalho extraordinário cada um, o dobro do máximo permitido por lei, segundo a Ordem dos Médicos.
Médicos de medicina interna e chefes de equipa da urgência do Hospital Garcia de Orta, em Almada, alertam para a “situação crítica” que se vive naqueles serviços, pedindo a intervenção da Ordem dos Médicos.
Segundo o jornal Público, o bastonário afirmou que cada um destes profissionais já fez, em média, mais de 300 horas extraordinárias, o equivalente ao dobro do previsto na lei. Numa carta enviada ao conselho de administração refere “o iminente colapso” das urgências geral e pediátrica, adiantando que vai voltar a fazer uma visita ao hospital.
“A questão dos médicos de medicina interna é preocupante. Tive conhecimento, através da carta que me enviaram, que todos eles já fizeram mais de 300 horas extraordinárias, ou seja, já duplicaram o número de horas que têm de fazer. A situação é crítica e o hospital tem de tomar medidas com urgência”, disse o bastonário, em conferência de imprensa.
Esta terça-feira, Miguel Guimarães recebeu uma carta dos médicos de medicina interna e chefes de equipa da urgência do hospital pedindo a intervenção da Ordem. O bastonário anunciou que “fazer uma visita ao hospital para falar pessoalmente com os médicos e com a administração”.
O conselho de administração do Garcia de Orta anunciou, para a tarde desta quinta-feira, uma conferência de imprensa sobre a urgência pediátrica.
Miguel Guimarães já enviou uma missiva ao presidente do conselho de administração, na qual refere que os médicos se manifestaram “indignados perante a situação crítica que vivem nos respetivos serviços e que conduziu à apresentação de uma declaração de indisponibilidade para a prestação de mais horas extraordinárias no passado dia 24 de outubro”.
Para a Ordem dos Médicos, não é alheio à situação denunciada pelos médicos o facto de a urgência pediátrica encerrar temporariamente nalguns períodos noturnos ou ainda a alteração do circuito do doente que até aqui eram observados em cirurgia geral e que passaram a ser uma sobrecarga para a medicina interna.
Os médicos dizem que se encontram “no limite da capacidade de resposta” e que está “altamente comprometida a segurança do doente e a qualidade do atendimento” à população.
Na carta, o bastonário pede à administração do hospital que identifique as soluções já desenvolvidas ou a desenvolver, “face à profunda preocupação que suscita esta tomada de posição dos especialistas de medicina interna, perante o evidente agravamento das carências já identificadas no passado recente e considerando o eminente colapso do serviço de urgência geral e pediátrico do Hospital Garcia de Orta”.
ZAP // Lusa
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