Morte, castração e perda de órgãos. Médica denuncia 11 casos de negligência no Hospital de Faro

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Dos 11 casos de alegada negligência denunciados por uma médica interna, três deles terão resultado na morte do paciente.

Uma médica interna do Centro Hospitalar e Universitário do Algarve (CHUA) apresentou queixa na Polícia Judiciária contra um cirurgião e o diretor do Serviço de Cirurgia I do Hospital de Faro por negligência médica. De acordo com Diana Carvalho Pereira, foram pelo menos 11 casos de negligência entre janeiro e março deste ano.

Alguns dos casos resultaram mesmo em lesões corporais irreversíveis e até em morte. “Foram vários os casos que relatei nas queixas, mas o que me parece mais escandaloso é o de uma mulher, com cerca de 40 anos, que foi operada ao apêndice e sofreu 9 ou 10 lacerações do intestino delgado”, contou a médica ao Correio da Manhã.

“Três morreram, dois estão internados nos Cuidados Intermédios, os restantes tiveram lesão corporal associada a erro médico, que variam desde a castração acidental, perda de rins ou necessidade de colostomia para o resto da vida. Um dos doentes esteve uma semana com compressas no abdómen”, acrescentou.

Há ainda o caso de um paciente operado ao reto que lhe terão lacerado o ducto deferente, as vesículas seminais e parte da próstata, levando a que ficasse infértil.

“Um dos doentes em específico, que é o que mais me choca, esteve internado 23 dias. Fez um exame de imagem que confirmava que ele precisava de cirurgia, teve alta. Voltou passado uma semana, com um agravamento do estado clínico geral. Só um mês e cinco dias depois do senhor ser admitido a primeira vez é que foi amputado e — já não fomos a tempo — passado uns dias morreu”, conta ainda a médica.

Após as denúncias, Diana Carvalho Pereira diz que inventaram uma história para a difamar no hospital, alegando que teria perdido a sanidade mental.

Um relatório psicológico mostra que o diagnostico de perturbação de ansiedade que tem não influencia a sua capacidade laboral, enquanto o psiquiátrico atesta não evidenciar alterações psicopatológicas, realça a SIC Notícias.

As queixas de Diana são direcionadas ao cirurgião Pedro Henriques, seu ex-orientador da formação específica, e encobertos pelo diretor do serviço de cirurgia do Hospital de Faro, Gildásio Martins dos Santos.

Em entrevista ao Observador, a médica que cumpre o seu primeiro ano de prática médica acusou os cirurgiões com quem trabalhou de “não quererem, pura e simplesmente, saber dos doentes” — às vezes por causa da sua idade ou orientação sexual.

Entretanto, o CHUA abriu um inquérito urgente e pediu também a intervenção da Ordem dos Médicos. O Ministério Público também está a investigar os alegados casos de negligência médica.

Citado pelo Jornal de Notícias, o diretor do Serviço de Cirurgia, Martins dos Santos, negou todas as acusações e disse que “só alguém que não está no seu perfeito juízo podia fazer declarações desta natureza”.

ZAP //

5 Comments

  1. Hummmm… a ser verdade seria um total escândalo. Mas não estou muito certo da veracidade das declarações desta senhora. Esperemos para ver.

  2. Bravo. Finalmente algum médico teve coragem de falar aquilo que já sabemos a muito tempo, que o SNS tem alguns incompetentes que fazem m..da e depois os outros colegas encobrem. Pena que a pobre rapariga nunca mais vai conseguir trabalho em Portugal. Afinal o que conta neste país não é o profissionalismo mas sim a camaradagem.

    • O amigo é juiz?! E que tal não pôr a carroça à frente dos bois e esperar pela investigação.
      Ainda há pouco tempo houve em Portugal um caso semelhante e veio a concluir-se que era tudo mentira.

  3. De certo que há um fundo de verdade nesta denúncia. Ninguém iria por em causa o início de carreira se não tivesse a certeza do que se passava.
    A médica corajosa também deve ter fortes indícios que lhe permitem avançar com denuncia desta envergadura.
    Aguardemos, ansiosamente pelo apuramento da verdade.

  4. Acredito que não poria em causa a sua carreira, mais a mais que ainda está literalmente no início, sem ter fortes indícios e provas do que denunciou. Afinal os pacientes, alegadamente vítimas de negligência, poderão atestar isso mesmo através de testemunho e principalmente de provas físicas (análises, exames, histórico médico, relatórios incongruentes, etc). Os que faleceram, se possível em última instância, poderiam com ordem judicial, ser exumados e autopsiados/examinados em busca de provas que corroborem (ou invalidem) o que afirma a delatora, que desde já lhe admiro a coragem, honestidade e rectidão.

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