Queda da Farfetch, que teria uma nova casa no futuro vale tecnológico, não põe em causa a construção da “smart city”. Apesar dos “desafios”, Matosinhos vai ter a Sillicon Valley portuguesa — não se sabe é quando.
Depois da queda da líder mundial de comércio online de artigos de moda de luxo Farfetch agitar o país no final de 2023, com a ameaça de despedimento de dois mil trabalhadores e quedas recorrentes de crescimento, podíamos muito bem acreditar que o megaprojeto de uma “terra prometida”, a Sillicon Valley portuguesa, prevista para a cidade de Matosinhos, cairia por terra.
Afinal, o futuro vale tecnológico, apresentado em setembro de 2021 e conduzido pela empresa de construção e imobiliário Castro Group, tinha a Farfetch como co-piloto na liderança da iniciativa.
O primeiro unicórnio português ia ter no novo espaço, em parceria com o grupo bracarense, uma casa para o seu campus global.
Apesar dos “desafios” apresentados, a Castro Group garante ao Porto Canal que continua a trabalhar no projeto e que este está em fase final do processo de licenciamento do loteamento. A aprovação pode chegar “a qualquer momento”.
Mesmo sem o unicórnio, o objetivo mantém-se: fazer de Matosinhos a “nova Califórnia” portuguesa.
FUSE VALLEY. Uma “smart city” em Matosinhos
Respeitando sempre a mobilidade sustentável, o projeto prevê a criação de uma “smart city” em que 80% dos espaços exteriores estejam totalmente abertos ao público.
Junto à EN14 (Via Norte), já se idealizam há cinco anos um conjunto de escritórios para várias empresas; uma unidade hoteleira com 12 mil metros quadrados com 75 quartos e 42 apartamentos; um espaço de comércio e serviços de cinco mil metros quadrados com restaurantes, ginásio, spa e um anfiteatro ao ar livre destinado a exposições de arte, palestras e workshops.
Os espaços verdes prometem dominar o vale, com zonas destinadas ao carregamento de veículos elétricos e postos com bicicletas e trotinetes elétricas para qualquer um beneficiar dentro do perímetro do “forte”.
São 12 mil postos de trabalho que o grupo bracarense prevê criar.
O projeto tem 2027 como data prevista de conclusão da primeira fase, se arrancar ainda este ano. Até agora, ainda nada passou do papel para a realidade, mas nada foi esquecido.
“Idealizado há cinco anos, o FUSE VALLEY continua relevante e alinhado com as necessidades atuais do mercado. Num contexto onde a inovação, sustentabilidade e flexibilidade são essenciais, o projeto destaca-se como uma proposta contemporânea e necessária”, garante o Castro Group em comunicado.
Onde o unicórnio ganharia asas
Dos 24 edifícios previstos no projeto, sete eram espaços destinados à Farfetch.
A Castro Group ainda não deu mais pormenores sobre o papel da Farfetch no empreendimento. Apenas confirma que vai “avançar com a mesma dedicação e empenho, seja no modelo de negócio atual ou em outro que melhor responda aos desafios presentes.”
A gigante de e-commerce tornou-se o primeiro unicórnio português após ter atingido uma avaliação de mil milhões de euros, e tudo parecia estar bem encaminhado. Até maio de 2023, marcava presença na lista das 20 empresas mais atractivas para os trabalhadores em Portugal. Mas as dificuldades financeiras assumiram as rédeas em agosto.
A Farfetch apresentou receitas de 572 milhões de dólares, o que constitui uma queda de 1,3%, ficando abaixo das expectativas dos analistas em 12%. Muito se deveu à redução nas encomendas para as estações de outono e inverno.
Avançou-se, em dezembro, que a empresa podia ver-se obrigada a dispensar 25% dos trabalhadores – cerca de dois mil colaboradores.
Acho isto mesmo muito importante, até porque não poderiam haver empresas tecnológicas de alto valor se não se gastasse um ror de milhões de euros numa infraestrutura sem nenhum tipo de interesse.
O mais engraçado é que depois, aparecem empresas enormes e de alto valor noutro sitio qualquer…
Palermices.