Cientistas usaram análises matemáticas complexas para fixar os ingredientes de um perfume que “cheira” a sucesso. A investigação revelou que o perfume mais caro nem sempre é o melhor.
O olfato é um dos sentidos mais delicados porque está relacionado com a informação que armazenamos no nosso subconsciente. Aliás, os cientistas afirmam que o ser humano é capaz de se lembrar de 35% de tudo o que cheira, e apenas 5% de tudo o que vê.
Uma equipa de cientistas do Imperial College de Londres, no Reino Unido, analisou 10.000 perfumes de acordo com as suas anotações e a análise matemática dos dados mostrou que as combinações únicas das fragrâncias encontradas em diferentes perfumes contribuem para a popularidade do produto e para as classificações dos consumidores.
A maioria dos aromas famosos é composta por mais de 50 ingredientes e, de acordo com as suas proporções, são eles que dão as notas características de cada um.
Cada perfume é uma combinação única de diferentes ingredientes olfativos, óleos e moléculas químicas, que juntos formam um aroma harmonioso. O cheiro de um perfume é frequentemente descrito usando-se as chamadas notas, como a baunilha, e as suas combinações, como o jasmim, chamadas de acordes.
Ao supor que um determinado perfume é popular devido ao seu bom cheiro, os cientistas quiseram entender o que constitui um cheiro popular. Para o conseguir, a estrutura dos perfumes e as suas notas foram estudadas de acordo com os princípios de um campo matemático conhecido como análise complexa de redes.
Para melhor entender de que forma os acordes contribuem para o sucesso dos perfumes, Vaiva Vasiliauskaite e Tim Evans, ambos investigadores que participaram na investigação, aplicaram análises de redes complexas aos dados online das 1.000 notas encontradas nos 10.000 perfumes analisados. O conjunto de dados incluiu, segundo o EurekAlert, classificações dos consumidores e informações sobre a popularidade de cada perfume.
A investigação descobriu quais as notas e os acordes olfativos usados com mais frequência, os que são mais populares e os que são encontrados nos perfumes mais bem cotados.
Desta forma, a equipa de cientistas descobriu que as notas mais populares e os acordes mais usados não se correlacionam necessariamente com as classificações mais altas do perfume. Por exemplo, o acorde olfativo de notas de jasmim e hortelã contribuiu significativamente para classificações mais altas, mas foi sub-representado (usado com menos frequência) entre perfumes estudados.
Além disso, conseguiram determinar que notas, quando acrescentadas aos acordes já existentes, pareciam melhorar os acordes olfativos e descobriram que as notas com maior popularidade, como a baunilha, tendem a melhorar os acordes, assim como as notas florais.
Uma análise mais aprofundada mostrou que as principais marcas produziam muitos dos perfumes mais bem sucedidos, mas a popularidade de um perfume não parecia estar ligada ao seu preço, nem à altura em que foi lançado.
Esta descoberta sugere que a análise complexa de redes pode ser uma ferramenta útil para os fabricantes de perfumes explorarem novos acordes olfativos capazes de aumentar o potencial de sucesso de um perfume.