Marwa Elselehdar, a primeira mulher capitã de um navio no Egito, foi surpreendida com os rumores que davam conta de que seria a culpada pelo bloqueio do Canal do Suez, uma das principais rotas de navegação do mundo.
“Fui falsamente acusada de bloquear o Canal de Suez”, disse Marwa Elselehdar, a primeira mulher capitã de um navio no Egito, em entrevista à BBC. Na altura do incidente, a jovem estava a trabalhar como primeira oficial do navio Aida IV, que navegava a centenas de quilómetros da Alexandria.
Antes de qualquer investigação, os rumores começaram a surgir nas redes sociais, alimentados pela imagem de uma manchete falsa, alegadamente publicada pelo jornal Arab News.
A imagem terá sido feita com base num artigo verdadeiro, publicado pelo mesmo jornal a 22 de março, que descreve o sucesso de Marwa como a primeira mulher à frente de um navio no Egito.
“Senti que poderei ter sido um alvo talvez por ser uma mulher de sucesso neste campo ou porque sou egípcia, mas não tenho a certeza”, afirmou a jovem de 29 anos.
“A sociedade ainda não aceita a ideia de mulheres a trabalhar no mar longe da família por um longo período de tempo. Mas quando se faz o que se gosta, não há necessidade de procurar a aprovação dos outros”, acrescentou.
Segundo o Público, a captura de ecrã da suposta notícia do Arab News, que a responsabilizava pela paralisação do Suez, circulou pelas redes sociais e obrigou a comandante a negar qualquer responsabilidade no incidente.
Dias antes, o jornal tinha publicado um perfil de Marwa, e a imagem com texto em inglês terá sido manipulada a partir daí.
No Instagram, a comandante publicou um vídeo no qual alerta para o surgimento de perfis falsos.
O Canal do Suez, no Egito, é uma das passagens marítimas mais movimentadas do mundo e, devido ao encalhe do Ever Given, cerca de 400 navios aguardavam a passagem na via que liga os mares Mediterrâneo e Vermelho.