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Marketeers usam conteúdos homossexuais para provocar conservadores nas redes sociais

Profissionais de marketing estão a criar campanhas para algumas empresas, como a Cottonelle e a Walmart, protagonizados por homossexuais, com o intuito de chocar os conservadores e, assim, promover as marcas. 

De acordo com um artigo do Boing Boing, divulgado na segunda-feira, tal como os responsáveis pela criação dos comerciais tinham previsto, os conservadores sociais indignaram-se, “apelando a boicotes, e a Deus, para punir os malfeitores”.

Segundo Curtis Sparrer, diretor da empresa de relações públicas e assessoria Bospar PR, é exatamente esse tipo de reação que a Cottonelle e a Walmart pretendiam. “Parece que os profissionais de marketing estavam a contar com a indignação dos conservadores sociais para conduzir os seus objetivos de negócios”, disse.

Os vídeos criados para a campanha não seguem o padrão tradicional de difusão, sendo divulgados somente através das redes sociais, contou o responsável. “Os conservadores não tropeçaram simplesmente nesses conteúdos, foram alertados para os mesmos, muito provavelmente pelas próprias empresas”, referiu.

“Há um método por trás desta loucura: os profissionais de marketing contam com a reação do público às suas campanhas”, continuou Curtis Sparrer.

E explicou: “Uma reação imediata a qualquer enredo pró-LGBT por parte dos conservadores é previsível, criando uma controvérsia interessante para os jornalistas cobrirem. Essa cobertura não apenas apresentará os dois lados da história, como fornecerá o reconhecimento da marca. As pesquisas mostram que este método é mais eficaz que a publicidade tradicional”.

Love Is In The Aisle: A dating show at Walmart, ep. 2

Is grocery shopping at Walmart first date-worthy? We thought it’d be a good idea. And these two definitely learned how much it could really reveal about a person…

Publicado por Walmart em Quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Os conservadores sociais tornaram-se, assim, ferramentas úteis para profissionais de marketing e relações públicas. “Como um profissional da área, detesto revelar esta tática porque os conservadores sociais podem ser sábios e não morder a isca na próxima vez que uma campanha exibir pessoas LGBT”, salientou.

No entanto, disse ainda, “como sou homossexual há mais tempo do que estou a fazer marketing, estou ansioso pelo dia em que as pessoas LGBT possam ser apresentadas nos comerciais e a reação do público seja baseada somente no mérito do seu conteúdo”.

A American Family Association (AFA), que, no seu site oficial indica promover “valores morais tradicionais” nos media – trabalho que envolve o “combater à agenda homossexual” através de vários meios -, reconhecida como um grupo de ódio pela organização Southern Poverty Law Center, manifestou-se sobre o comercial do Walmart.

“Vimos muitas grandes corporações rejeitarem isso no seu marketing, mas, sinceramente, nunca pensamos que a Walmart se juntaria à revolução cultural e rejeitaria as crenças de sua base dos seus clientes”, lê-se numa nota divulgada.

Através desse comunicado, a AFA relatou focou o enredo do anúncio – “O amor está no corredor: um show de namoro no Walmart” -, em que dois homossexuais conhecem-se no  Walmart”, num “encontro às cegas”, e fazem compras juntos para determinar se são ou não compatíveis.

“É claro que o Walmart está no caminho de elevar os relacionamentos homossexuais ao mesmo nível do modelo de casamento entre homens e mulheres. Não temos escolha a não ser pedir aos nossos apoiantes que informem a empresa sobre como eles, enquanto clientes, sentem a mudança do Walmart da neutralidade nessa questão polémica para o total apoio às relações entre pessoas do mesmo sexo”, acrescentava a nota.

TP, ZAP //

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