Marcelo “não tinha conhecimento” da possibilidade de Lula discursar no Parlamento

9

Rodrigo Antunes / Lusa

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou que não tinha conhecimento da intenção do Governo de fazer com que o seu homólogo brasileiro Lula da Silva discurse na sessão solene comemorativa do 25 de Abril na Assembleia da República (AR).

“Não tinha que me pronunciar e não tinha conhecimento”, declarou Marcelo aos jornalistas na sexta-feira, à margem de um encontro com refugiados ucranianos em Lisboa.

“A questão é da relação entre os vários poderes do Estado, o pior que podia haver era o Presidente da República se imiscuir na definição, pela própria AR, da ordem de trabalho das sessões”, disse ainda.

Marcelo sublinhou, citado pelo Público, que “a AR é que tem sempre a última palavra” e, como também afirmou o presidente do Parlamento, Augusto Santos Silva, “a AR irá pronunciar-se na altura oportuna”.

“Prepararemos a vinda do Presidente Lula com as características próprias de uma visita importante que deverá começar no dia 22 de abril, que é o dia da comunidade luso-brasileira”, acrescentou apenas, referindo-se à data da chegada de Pedro Álvares Cabral à terra de Vera-Cruz.

A 30 de dezembro, Marcelo anunciou que Lula da Silva viria participar na cerimónia do 25 de abril. “Foi marcado já o que vai ser o encontro em Portugal, de 22 a 25 de abril, com a cimeira entre o Presidente Lula e o primeiro-ministro português e a visita de Estado, a meu convite, que culmina na participação na cerimónia do 25 de Abril”, disse no dia em que chegou a Brasília para assistir à tomada de posse de Lula.

Se Lula da Silva discursar numa cerimónia do 25 de Abril, será a primeira vez que tal acontece, embora já muitos outros chefes de Estado se tenham dirigido ao Parlamento em democracia.

Antes do Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, a última vez que um chefe de Estado estrangeiro falou Assembleia da República foi em 2018, no caso o Presidente angolano João Lourenço.

Desde 1990, foram 17 os chefes de Estado ou de Governo. Antes de João Lourenço, tinha sido o Rei Filipe de Espanha, em 2016. Em 2010, tendo foi Armando Guebuza, Presidente de Moçambique. E seis anos antes, o seu antecessor, Joaquim Chissano, também falou, pela segunda vez, aliás, pois já o tinha feito em 1999.

Além de Moçambique, os chefes de Estado e de Governo dos países de Língua Portuguesa falaram na Assembleia da República outras seis vezes: Lula da Silva (2003), Fernando Henrique Cardoso (2000 e 1995), Xanana Gusmão (1999), António Mascarenhas Monteiro (1991) e Fernando Collor de Melo (1990).

Aos europeus, foi dada essa prerrogativa em 2001 aos presidentes de Itália (Carlo Ciampi, 2001), de França (Jacques Chirac, 1999), da Turquia (Süleyman Demirel, 1994), da Áustria (Thomas Klestil, 1993), da Polónia (Lech Walesa, 1993), do Egipto (Hosni Mubarak, 1992), da República Checa (Vaclav Havel, 1990).

O Rei Juan Carlos, de Espanha (ano 2000) e o rei Hassan II, de Marrocos (1993) foram os dois monarcas a quem foi concedida a mesma distinção.

ZAP //

Siga o ZAP no Whatsapp

9 Comments

  1. Esse representante do Brasil, atendendo ao seu passado, deve estar nas celebrações do 25A, estarão bem acompanhados. E não se esqueçam de convidar o Sócrates…

  2. O Lula é um corrupto ladrão especializado em comprar parlamentares. Discursar no parlamento português, para o PS, PSD, PP, BE e demais esquerda podre é normal, estará entre os seus. Tenho pela pela IL e o Chega que (por enquanto) destoam dessa vergonha

    • Vergonha é eu sentir que há portugueses “bolsominios” e genocidas… xenófobos e racistas e homofóbicos. Que não aceitam o que é diferente. Isso é que é realmente vergonhoso! Parece que vivem no século passado… Se não estão contentes com o país onde vivem e donde são, mudem-se para outro!

  3. Na Comemoração do 25 Abril , a presença de Presidentes de outros Países , que por convite ou vontade propria apôs aceitação do P.R e A.R , não constitui un Problema en si . Mas na Comemoração desta Data , as Intervenções devem ser reservadas en exclusividade as diversas Entidades Nacionais !

  4. Houve um boicote nada civilizado ao governo de Bolsonaro, baseado em narrativas para as quais os xingamentos substituem os fundamentos. “Fascista”, “genocida”, “xenófobo” e outros termos não encontram nenhum embasamento factual nos seus 4 anos de governo. O boicote chegou ao ponto de autoridades e políticos de outros países tratarem o ainda candidato Lula como chefe de governo e de fazerem campanha para a sua eleição.
    Em menos de 2 meses de governo, Lula já demonstrou a falta de seriedade de suas promessas e a determinação de fazer um novo governo com os mesmos pecados dos anteriores, apenas pior.
    Pelo menos 18 dos 37 ministros e muitos outros nomeados para cargos importantes tiveram ou ainda têm acusações de crimes de gestão pública, a compra de votos no Parlamento é descarada e tudo indica o retorno do descontrole fiscal.
    Lula FOI condenado em 3 instâncias e suas condenações anuladas em procedimentos totalmente irregulares.
    Os próprios ministros supremos que o “descondenaram” reconhecem “os crimes realmente aconteceram”.
    Então… os portugueses devem avaliar se é esse o estrangeiro a inovar nas suas celebrações.

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.