Uma máquina criada pela startup indiana Takachar transforma resíduos agrícolas em combustível e fertilizante. É uma alternativa amiga do ambiente e útil para os agricultores.
Os preços dos combustíveis não param de aumentar em Portugal e com o ambiente a sofrer com o contínuo e crescente uso dos mesmos, procuram-se alternativas sustentáveis. A startup indiana Takachar pode estar a dar um importante passo nesse sentido.
A empresa está a desenvolver um pequeno sistema portátil para transformar resíduos agrícolas em bioprodutos comercializáveis. A um preço acessível, esta máquina poderá usar um processo de “torrefação sem oxigénio” para converter biomassa residual em combustível e fertilizante com recurso a pouquíssima energia, escreve o Free Think.
A torrefação acontece a temperaturas entre 200 e os 350 graus centígrados na ausência de oxigénio. O método decompõe parcialmente a biomassa, resultando em biomassa torrificada ou carvão, também conhecido como biocoal.
Esta inovação também é útil para os agricultores, que assim encontram um destino para os resíduos agrícolas, ricos em carbono, que produzem. O ambiente também beneficia, já que os agricultores podem optar por vender estes resíduos em vez de queimá-los.
Em declarações ao portal indiano ThePrint, o cofundador da empresa, Vidyut Mohan, diz que o processo de torrefação elimina 98% do fumo que de outra forma seria criado ao queimar os materiais.
Mohan explica que a máquina “tem origem na torrefação de grãos de café ao estilo francês”, em que o equipamento torra a biomassa na ausência de oxigénio. As moléculas de baixa energia são retiradas, “deixando o material rico em carbono que pode ser usado como combustível ou fertilizante”.
Há mais de um século que a tecnologia de torrefação é usada, embora continue esmagadoramente ausente na indústria agrícola.
A Takachar já testou o seu produto no Quénia, cujo combustível feito a partir de resíduos de arroz foi vendido a mais de 5 mil agricultores. A empresa está agora a procurar expandir comercialmente o seu produto.
Resíduos agrícolas e florestais — no valor de cerca de 100 mil milhões de euros — são queimados a céu aberto todos os anos em todo o mundo. A Takachar realça que estes resíduos podem transformar-se num mercado de cerca de 9 mil milhões de euros se utilizados devidamente.
A empresa ganhou recentemente um prémio Earthshot, os chamados “Eco Óscares”, um prémio recém-criado pelo Príncipe William e pela Duquesa de Cambridge, Kate.