O mais detalhado mapa da matéria do Universo sugere que há forças misteriosas

O mapa mais detalhado de toda a matéria do Universo sugere que o cosmos é “menos agrupado” do que se pensava, sugerindo a existência de forças misteriosas.

Cientistas divulgaram uma das medições mais precisas já feitas de como a matéria está distribuída pelo Universo. Através deste mapa, os cientistas podem tentar entender as forças que moldaram a evolução do cosmos.

O feito dá pistas sobre a evolução do Universo como um todo e sugere que faltam algumas peças no Modelo Padrão da Cosmologia para explicar o que conseguimos ver hoje.

O Modelo Padrão da Cosmologia assume que o Universo foi criado no “Big Bang” a partir de energia pura e agora é composto por cerca de 5% de matéria, 27% de matéria escura e 68% de energia escura.

As novas medições dos cientistas sugerem que o Universo é “menos agrupado” do que o esperado. De acordo com o The Guardian, isto pode indicar a existência de forças misteriosas.

“Parece que há um pouco menos [aglomeração] no Universo atual do que poderíamos prever assumindo o nosso modelo cosmológico padrão ancorado no Universo primitivo”, disse Eric Baxter, astrofísico da Universidade do Havai e coautor do estudo.

Os cientistas não consideram que os resultados sejam suficientes para reivindicar uma descoberta, mas acrescem a um conjunto de evidências que desafiam o modelo padrão.

O Dark Energy Survey mediu as propriedades das galáxias para calcular a taxa de expansão do Universo, e o South Pole Telescope mediu a radiação cósmica de fundo. Ambos os conjuntos de dados foram usados para medir a lente gravitacional. A matéria, normal e escura, distorce o espaço-tempo criando efeitos de lente. Portanto, medindo a lente, é possível descobrir onde está o problema, explica a IFLScience.

Yuuki Omori

Os mapas do Dark Energy Survey (E) e do South Pole Telescope (D).

“Se a descoberta se confirmar, é muito empolgante”, disse Chihway Chang, astrofísico da Universidade de Chicago e autor principal do estudo. “O objetivo da Física é testar modelos e quebrá-los. O melhor cenário é que nos ajuda a entender mais sobre a natureza da matéria escura e da energia escura”.

Os cientistas podem inferir a estrutura do Universo primitivo a partir do calor deixado pelo Big Bang e usar modelos computacionais para verificar se os modelos se alinham com as observações.

Carlos Frenk, cosmólogo da Universidade de Durham, não esteve envolvido no estudo, mas diz que existem três explicações prováveis para os resultados.

A primeira é que pode ser resultado de ruído nos dados ou um erro sistemático no telescópio. A segunda é que um fenómeno astronómico mal compreendido possa explicar os resultados.

A terceira opção é a mais empolgante, escreve o jornal britânico. A discrepância pode ser explicada por uma física inteiramente nova, como a existência de novos tipos de neutrinos, o comportamento exótico da energia escura ou formas não convencionais de matéria escura.

“Das três possibilidades, espero que seja a última, temo que seja a segunda, mas suspeito que seja a primeira”, atirou Frenk.

Daniel Costa, ZAP //

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