Bruxas, lobisomens, demónios, dragões, espíritos domésticos, gigantes e elfos e outros monstros demoníacos. Não faltam figuras mitológicas no folclore da Europa central, agora cartografados por cientistas polacos.
Investigadores da Academia Polaca de Ciências criaram um mapa cartométrico para indicar os locais, extraídos de fontes etnográficas e folclóricas, ligados a criaturas demoníacas e mitológicas.
O mapa faz parte de um estudo, recentemente publicado no Journal of Maps, que mostra as regiões históricas da Pomerânia e de Mecklenburg numa escala de 1:720.000.
O estudo procurou combinar as caraterísticas artísticas e simbólicas dos mapas renascentistas com modernas ferramentas SIG, identificando as origens das histórias sobre lobisomens, demónios, dragões, espíritos domésticos, gigantes e elfos, tal como registadas por folcloristas alemães e polacos.
Um total de 1200 relatos sobrenaturais escritos por folcloristas do século XIX e do início do século XX foram cartografados em 600 locais, cada um ligado a caraterísticas específicas da paisagem, conta o Heritage Daily.
“Estávamos sobretudo interessados em histórias locais sobre acontecimentos estranhos associados a um lugar específico”, explica Robert Piotrowski, etnólogo do Instituto de Geografia e Organização Espacial da Academia Polaca de Ciências.
“Por exemplo, lendas religiosas em que se imaginava que esta rocha tinha sido atirada por um gigante, que as bruxas se encontravam nesta montanha em particular, que o diabo tinha construído uma barragem no lago ou que o fogo-fátuo tinha aparecido neste pântano”, detalha o investigador.
Os autores do estudo consideraram que a estética dos mapas do Renascimento italiano refletiria melhor o clima da época, uma vez que eram considerados obras de arte, sendo muitos deles considerados obras-primas de artesanato refinado, famosas pelas suas representações de monstros.
“No passado, estes monstros deviam preencher espaços em branco — por exemplo, água ou locais nos mapas que ainda não eram totalmente conhecidos”, explica por seu turno Dariusz Brykała, geógrafo especializado em história da cartografia do instituto polaco.
De acordo com os autores do estudo, estes mapas podem agora basear-se em técnicas e estéticas históricas, servindo ao mesmo tempo como uma lente para explorar a evolução da cartografia, que passou, desde a II Guerra Mundial, de uma prática artística e científica para formas modernas, digitais e interativas.