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Mandado esquecido na gaveta por 73 dias. Rendeiro só tinha 768 euros e lamenta que “foram apanhar a Maria”

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Luís Miguel Fonseca / Lusa

O ex-banqueiro João Rendeiro à saída de uma esquadra de polícia para ser reencaminhado para um tribunal de família local onde será presente a um a juiz em Verulam, Durban

João Rendeiro vai continuar detido na África do Sul, pelo menos até sexta-feira quando deverá ficar a saber o que o futuro lhe reserva. Enquanto isso queixa-se de só ter 768 euros e garante que a mulher devia ir ter com ele ao país, caso não tivesse sido detida.

O caso de João Rendeiro volta a ser apreciado por um tribunal sul-africano na sexta-feira, uma vez que hoje é feriado. Assim, o ex-banqueiro continua detido numa prisão que abriga vários criminosos violentos.

O ex-presidente do BPP disse, em tribunal, que não tem emprego e que faz apenas trabalhos pontuais como consultor de investimentos, conforme cita o Correio da Manhã (CM).

Além disso, apesar de ter viajado em primeira classe para o Qatar e para a África do Sul, e de ter ficado hospedado em hotéis de luxo, Rendeiro assegura que só tem “duas contas bancárias, uma nos EUA e outra na África do Sul”, argumentando que os seus bens estão arrestados em Portugal.

“Quando foi detido, no sábado, tinha apenas 14 mil ZAR (768 euros)“, segundo o seu advogado, Sean Kelly, conforme declarações divulgadas pelo CM.

Rendeiro também revelou em tribunal que a mulher, Maria de Jesus, ia viver com ele “a curto prazo” na África do Sul antes de ter sido detida e de ter ficado em prisão domiciliária. “Não me apanharam e foram apanhar a Maria”, lamentou o ex-banqueiro.

Alguns jornais anunciaram que Maria de Jesus Rendeiro já teria outro companheiro amoroso. Por isso, não se sabe se a alegação do ex-banqueiro de que ela deveria ir viver com ele, na África do Sul, será verdadeira.

Entretanto, a defesa de Rendeiro apresentou queixa contra um funcionário judicial sul-africano que lhe terá prometido a liberdade em troca de dinheiro.

Mandado “esquecido” 73 dias na PGR

A questão da extradição ou da libertação de Rendeiro continua a fazer correr tinta e não é certa a decisão do tribunal sul-africano.

Pelo meio, há um problema com o cumprimento de prazos por causa da falta de tradutores de Português para Inglês, mas a Procuradoria Geral da República (PGR) já garantiu que isso não será um problema.

Contudo, o Diário de Notícias (DN) avança também que o mandado de detenção internacional contra Rendeiro ficou 73 dias “esquecido” na PGR.

O jornal aponta que a justiça portuguesa enviou para a África do Sul um pedido de detenção de Rendeiro baseado num processo em que Rendeiro ainda não foi alvo de condenação efectiva, pois ainda pode recorrer. Esse argumento poderia ser usado pela defesa do ex-banqueiro para evitar a extradição.

Só a 13 de Dezembro é que a PGR “emendou, à pressa, o erro”, já depois da detenção de Rendeiro na África do Sul, aponta o DN, notando que a nova documentação referente à única condenação que já transitou em julgado foi “enviada a meio da noite, com carácter de urgência”.

Além disso, esta nova documentação não foi aceite pela África do Sul pelo facto de ter sido assinada de forma “digital e não manualmente pelo juiz Nuno Dias Costa”, aponta ainda o DN. Assim, foi pedida, por correio electrónico, uma cópia assinada à mão pelo juiz.

ZAP //

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