O Manchester United está à venda. Quem pode comprar os gigantes ingleses?

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André Zahn / Wikimedia

Old Trafford, estádio do Manchester United

Os donos do clube inglês confirmaram que estão abertos a investimento externo ou até a uma venda total. Já há vários potenciais interessados a ser apontados na imprensa.

Esta terça-feira foi um dia atribulado para o Manchester United. No mesmo dia em que anunciou a rescisão do contrato de Cristiano Ronaldo, o clube inglês emitiu um comunicado onde os donos anunciaram que estão a considerar “todas as alternativas estratégicas”, desde investimentos externos no clube ou mesmo uma venda total.

O grupo Raine, que geriu a venda do Chelsea este ano, foi apontado como o conselheiro financeiro neste processo. As acções do United dispararam 17% após o anúncio de que o clube está à venda, relata o The Guardian.

“A força do Manchester United está na paixão e lealdade da nossa comunidade global de 1,1 mil milhões de adeptos e seguidores. Procuramos continuar a construir a história de sucesso do clube e o conselho autorizou uma avaliação detalhada de alternativas estratégicas. Vamos avaliar todas as opções para garantir que servimos os adeptos da melhor forma”, garantiram os co-presidentes executivos Avram Glazer e Joel Glazer no comunicado do clube.

Os red devils foram recentemente avaliados em 3,75 mil milhões de libras, mas espera-se que uma venda total seja feita por uma valor muito superior, visto que Todd Boehly pagou 4,25 mil milhões de libras pelo Chelsea em Maio.

A família Glazer comprou o United em 2005 num negócio total de 790 milhões de libras, que foi em grande parte financiado por um empréstimo de 500 milhões de libras que foi feito em nome do clube, que não tinha dívidas antes disto.

Espera-se que os donos só estejam dispostos a vender caso recebam uma oferta entre cinco e nove mil milhões de libras.

Fim da era Glazer?

Após 17 anos muito contestados, a família norte-americana Glazer pode assim estar de saída de Old Trafford.

Ainda antes de os Glazer assumirem o controlo total do clube, os adeptos do Manchester United já tinham manifestado a sua oposição à compra e alguns até fundaram o clube semiprofissional FC United of Manchester como protesto, uma equipa que joga actualmente na sétima divisão inglesa.

A expressão “Glazers Out” é recorrente nos protestos durante os jogos e nas redes sociais, assim como os cachecóis verdes e amarelos — que aludem às cores do Newton Heath, o antigo nome do clube — que se tornaram um símbolo anti-Glazer.

O descontentamento dos adeptos prende-se com o sucessivo endividamento do clube — que desde 2005 já engordou até ultrapassar mil milhões de libras —, a falta de investimento nas infraestruturas do clube e com as escolhas de responsáveis como Ed Woodward ou Richard Arnold para os cargos de CEO, dois nomes que não estão ligados ao futebol e que são formados no ramo bancário.

Todas estas decisões, aliadas à retirada frequente de dividendos, levam os adeptos a acusar os donos de não estarem interessados no sucesso desportivo da equipa e de transformarem o United num clube puramente comercial, críticas que Cristiano Ronaldo também ecoou na sua entrevista explosiva com Piers Morgan.

“Os Glazer não querem saber do clube no plano desportivo. O Manchester é um clube de marketing. Eles ganham dinheiro do marketing e não querem saber do desporto”, acusou o português, que disse ainda sentir que o clube ficou congelado no tempo desde a sua saída em 2009, não tendo investido no centro de treinos.

Os protestos dos adeptos atingiram um pico após o anúncio do projecto da Superliga Europeia em 2021, tendo os adeptos até invadido Old Trafford e impedido a realização do jogo contra o Liverpool.

Nos últimos meses, os boatos de que os donos podiam estar de saída ganharam força, especialmente após o colapso da Superliga ter revelado ser um duro golpe financeiro para o clube.

A necessidade urgente de obras em Old Trafford — onde há fugas no telhado e infestações de ratos — também será um custo que os donos não estarão dispostos a pagar, daí estarem à procura de investimentos externos ou de uma venda total.

Já desde 2017 que o United não ganha um troféu e a última Premier League conquistada foi em 2013, ainda com Alex Ferguson no comando da equipa, pelo que a falta de sucesso desportivo também já está a fazer os patrocinadores ponderar saltar do barco.

A empresa de tecnologia alemã TeamViewer, que patrocina as camisolas do United, confirmou em Agosto que não ia renovar o contrato com o clube, que termina em 2026, e nos últimos dias foi noticiado que os investidores estavam a pressionar a empresa a tentar terminar a parceria ainda mais cedo.

Quem dá mais?

A imprensa inglesa já dá conta de vários nomes de potenciais compradores do United. O bilionário inglês Jim Ratcliffe, que é natural de Manchester e um fã assumido do emblema de Old Trafford, tem sido apontado sucessivamente como um dos interessados e parecer ser a escolha preferida de muitos adeptos.

Ratcliffe é o homem mais rico de Inglaterra graças à empresa INEOS, que opera no ramo da química, e já fez vários investimentos no mundo desportivo, principalmente no ciclismo. O empresário foi um dos interessados na compra do Chelsea e recentemente comprou o Nice.

Em Outubro, Ratcliffe confirmou que estaria interessado em comprar o United caso este fosse posto à venda. No entanto, após o anúncio de que o Liverpool também estava à venda, um porta-voz de Ratcliffe afirmou que este já não estava interessado em comprar uma equipa da Premier League e que estava focado em tornar o Nice competitivo em França.

O United pode também ser o próximo clube a cair nas mãos de investidores árabes. Um fundo do Dubai tem sido repetidamente associado a uma compra do clube e o Arabian Business dá conta de uma proposta iminente de 10,6 mil milhões de dólares.

Em Setembro deste ano a imprensa inglesa também deu conta do interesse do fundo e caso esta venda se concretize, os dois grandes clubes de Manchester passariam a estar nas mãos de fundos do Médio Oriente, já que o City é detido pelo Abu Dhabi’s City Football Group.

Conor McGregor, o famoso lutador de MMA que é também um adepto dos red devils também pode estar na lista de potenciais investidores, mas não tem poderio financeiro para comprar o clube na totalidade. Em Abril de 2021, o atleta manifestou o seu interesse na equipa no Twitter e entretanto também afirmou estar a olhar para o Liverpool como opção, o que indica que tem um investimento no futebol na mira.

Se o dinheiro é problema para McGregor, certamente não o é para Elon Musk, o homem mais rico do planeta. Musk causou um frenesim nas redes sociais quando disse em Agosto no Twitter que ia comprar o clube, revelando depois que só estava a brincar. Mesmo assim, o CEO da Tesla disse ainda que “se fosse comprar alguma equipa, seria o Man U”, já que eram a sua “equipa favorita quando era miúdo”.

 

Adriana Peixoto, ZAP //

2 Comments

  1. Era engraçado o Ronaldo comprar aquilo. Mas o valor é proibitivo. Para estes negócios, o Ronaldo é um pobretanas. Falamos em mil milhões e não em milhões…

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