Análise “à americana” deixa Josef Bican na liderança do top-10 mas com outro português a ganhar no aproveitamento. Cristiano Ronaldo desce sete posições.
Depois de ter reaparecido a discussão sobre o melhor futebolista de sempre, quando Maradona morreu, surgiram nos últimos dias vários artigos e diversas análises com contas sobre o maior goleador de sempre no futebol.
O “culpado” é Cristiano Ronaldo que, ao bisar na vitória (4-1) da Juventus diante da Udinese, atingiu os 758 golos na carreira, ultrapassando os 757 golos de Pelé. O português passou a estar no segundo lugar desta lista, que é liderada por Josef Bican, com 805 golos.
Estes números não são iguais em todo o lado. Sobretudo por causa dos golos de Pelé (que, segundo o próprio, marcou 1.283 vezes) e de Bican (que sobem aos 1.468 se incluirmos os jogos não oficiais, segundo a FIFA).
Josef Bican nasceu no Império Austro-Húngaro em 1913 e jogou enquanto sénior durante 24 anos. Os registos entre 1931 e 1955 não são os mesmos do século XXI. Por isso, há algumas dúvidas à volta dos números do goleador, que brilhou no Slavia Praga ao longo de mais de uma década. E convém reforçar um aspeto: Bican marcou muitos golos enquanto muitos jovens da sua idade deixaram de jogar futebol por estarem na II Guerra Mundial.
Esta é a lista dos 10 maiores goleadores de sempre no futebol:
Jogador | Nacionalidade | Golos | |
1. | Josef Bican | Checo | 805 |
2. | Cristiano Ronaldo | Português | 758 |
3. | Pelé | Brasileiro | 757 |
4. | Romário | Brasileiro | 747 |
5. | Gerd Müller | Alemão | 727 |
6. | Lionel Messi | Argentino | 715 |
7. | Ferenc Puskás | Húngaro | 712 |
8. | Eusébio | Português | 623 |
9. | Ferenc Deák | Húngaro | 546 |
10. | Túlio Maravilha | Brasileiro | 545 |
No entanto, se optarmos por uma contabilidade diferente, que por exemplo é prioritária no desporto da América do Norte (os adeptos portugueses da NBA deverão saber), ou seja, se olharmos para as médias de golos por jogo, a lista é outra.
Vamos ter em conta o número de golos de cada futebolista mas também o número de partidas que cada um disputou.
E aí, o cenário muda no top-10: Bican continua a ser o líder (de longe) e, de facto, o segundo classificado é português… Eusébio. Cristiano Ronaldo desce para o novo lugar. Uwe Seeler, que não aparece na tabela acima, surge agora no pódio; saiu Ferenc Deák, por não haver certezas em relação ao número de jogos que o húngaro realizou.
Jogador | Nacionalidade | Golos | Jogos | Golos p/jogo | |
1. | Josef Bican | Checo | 805 | 530 | 1,52 |
2. | Eusébio | Português | 623 | 639 | 0,974 |
3. | Uwe Seeler | Alemão | 575 | 592 | 0,971 |
4. | Ferenc Puskás | Húngaro | 712 | 754 | 0,94 |
5. | Gerd Müller | Alemão | 727 | 793 | 0,92 |
6. | Pelé | Brasileiro | 757 | 834 | 0,91 |
7. | Lionel Messi | Argentino | 715 | 947 | 0,76 |
8. | Romário | Brasileiro | 747 | 994 | 0,75 |
9. | Cristiano Ronaldo | Português | 758 | 1.071 | 0,71 |
10. | Túlio Maravilha | Brasileiro | 545 | 794 | 0,68 |
Se deixarmos o top-10 e olharmos para os jogadores que marcaram, no mínimo, 500 golos, o líder do aproveitamento é Fernando Peyroteo. A figura do Sporting apontou 559 golos em 354 jogos: uma média de 1,58 golos por jogo.
Esta história das estatísticas está uma grande confusão.
Há um ano atrás, por ocasião do golo 700 do Ronaldo, aqui o próprio Zap publicava uma lista onde o Pelé tinha 757 golos, o Romário 758 e o Bican tinha 762.
Depois quando o Ronaldo ultrapassou o Puskas, saiu uma lista onde o Pelé tinha 767, o romário 772 e o Bican 805.
Agora temos esta onde o Romário passou para trás do Pelé.
Além disso temos o Deak e o Túlio no top 10 com 545 e 546 golos.
Mas o Peyroteo, que tem 559 não aparece neste Top 10.
Cada notícia que sai lança mais confusão.
Fernando Peyroteo era de outro universo
Uma equação simples. Mais golos é quantidade, média é qualidade, o resto é conversa de marketing. Já o sabia, nunca tive qualquer dúvida, Eusébio era de outro planeta, um super-atleta, sem aditivos nem conservantes, foi o que a natureza criou. Eusébio sofreu seis ou sete intervenções cirúrgicas, todas do joelho para baixo – perdeu mais de ano e meio em recuperações pós operatórias – o que demonstra o tipo de jogador que era, só à patada o paravam. Resumindo, o futebol atual está povoado de ignorantes e interesseiros “vão na onda”.