Magma a borbulhar numa região sem vulcões. Cientistas intrigados com anomalia

wehardy / Flickr

Ao analisar a atividade sísmica no Denali, uma equipa de cientistas encontrou uma anomalia que pode indicar a presença de magma.

O monte Denali, também conhecido por Monte McKinley, é a montanha mais alta da América do Norte. Localizado na Cordilheira do Alasca, na região central do estado norte-americano, o seu cume ergue-se 6.190 metros acima do nível da água do mar.

Há muito tempo que a comunidade científica especula acerca da presença de uma vulcão na região, na medida em que o Denali está posicionado a apenas 100 quilómetros acima de uma das zonas de falha mais ativas dos Estados Unidos.

Apesar de ser cercada por vulcões a leste e a oeste, esta área não mostrou sinais reveladores de rocha derretida ou fontes termais na sua superfície, um dado curioso que lhe valeu o nome de “lacuna vulcânica de Denali“.

No entanto, uma equipa descobriu recentemente provas de um reservatório de magma cerca de 11 quilómetros abaixo da superfície.

“O Denali está situado acima de uma placa de subducção descendente e, na maioria destes cenários tectónicos, há vulcões na superfície, como no Chile, no México, no noroeste do Pacífico e na maioria das Aleutas”, disse Carl Tape, professor de geofísica da Universidade do Alasca Fairbanks, ao Live Science.

Para chegar a esta conclusão, a equipa analisou dados de 2019, recolhidos após um terramoto de magnitude 7,1, que ocorreu no ano anterior. Além disso, como a Terra está em constante movimento – causado pela interação das ondas oceânicas e pelo envio de forças para o fundo do mar –, os cientistas usaram esses indícios para criar imagens das propriedades do subsolo.

Quando analisava cuidadosamente os dados, a equipa notou uma “anomalia de velocidade sísmica” – uma área onde as ondas diminuíam à medida que passavam pelo solo, que pode indicar a presença de um reservatório de magma derretido e de movimento lento.

“Esta anomalia reside na crosta abaixo de dois depósitos vulcânicos incomuns (Buzzard [Creek] Maars e Jumbo Dome) e acima de onde a laje de subducção mergulha no manto”, detalhou Tape.

Para confirmar a presença de magma, os cientistas vão precisar de uma imagem mais clara da anomalia, algo que exigirá a instalação de instrumentos de monitorização sísmica diretamente acima do local.

A próxima etapa é, portanto, um grande desafio no terreno traiçoeiro do interior do  Alasca.

Para já, o artigo científico com a descoberta foi publicado, em dezembro, no Journal of Geophysical Research: Solid Earth.

Liliana Malainho, ZAP //

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