Máfia do Sangue. Lalanda e Castro invoca tio-avô para afastar Carlos Alexandre (mas juiz recusa-se)

João Relvas / Lusa

O juiz Carlos Alexandre

Lalanda de Castro, ex-gestor da Octapharma, entregou no tribunal na sexta-feira um requerimento a pedir que a Relação de Lisboa afastasse o juiz da fase de instrução do seu processo, Máfia do Sangue, por ter uma ligação ao seu tio-avô.

O Correio da Manhã adianta esta terça-feira que o empresário Lalanda de Castro alega que não pode ser Carlos Alexandre o responsável pela fase de instrução do processo em que é acusado – em que se decide se o caso avança para julgamento – porque tinha uma ligação de infância ao seu tio-avô que podia influenciar a sua decisão.

Por sua vez, segundo o CM, o juiz Carlos Alexandre pede aos seus superiores que analisem em que medida esta relação pode influenciar a sua decisão.

A resposta de Carlos Alexandre ao requerimento é longa, na qual admite que o tio-avô de Lalanda de Castro foi seu professor primário quando tinha menos de dez anos. Porém, lamenta que a sua vida privada e familiar seja trazida para um processo judicial.

O juiz diz, citado pelo CM, não ter vergonha das suas origens e recorda que, em 1972, quando o pai construía uma casa, foi o tio-avô de Lalanda de Castro quem cortou eucaliptos para ajudar na construção. A sua família não tinha recursos e Anastácio Nogueira Lalanda ajudava muitos dos seus alunos.

“O facto de ser pobre ao longo de toda a vida, não é anátema nem lhe provoca sentimentos hostis, recalcitrância ou ressabiamento contra ninguém”, esclareceu.

No requerimento, segundo o CM, o juiz Carlos Alexandre dá sem efeito todas as diligências marcadas para as próximas duas semanas e pede celeridade aos juízes desembargadores.

Sem tomar um posição sobre o pedido de afastamento, Carlos Alexandre pede aos juízes que apreciem se a relação de infância e adolescência pode pôr em causa a sua independência.

A instrução do processo em que Lalanda e Castro é acusado de corrupção num processo relacionado com a venda de plasma humano devia ter arrancado esta segunda-feira, com diligências marcadas durante duas semanas.

O ex-presidente da Octapharma é suspeito de ligação a procedimentos concursais públicos na área da saúde, terão acordado entre si que este último utilizaria as suas funções e influência para beneficiar indevidamente a farmacêutica.

Os factos em investigação ocorreram entre 1999 e 2015 e os suspeitos terão obtido vantagens económicas que procuraram ocultar, em determinadas ocasiões, com a ajuda de terceiros.

ZAP //

 

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