Mãe de Da Vinci era uma jovem escrava traficada para Itália, sugere novo documento

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Mido / Wikimedia

Leonardo da Vinci

Há uma nova teoria sobre a mãe de Leonardo da Vinci. Documentos históricos sugere que pode ter sido uma escrava vindo do Cáucaso.

A mãe de Leonardo da Vinci, Caterina, era uma jovem adolescente sequestrada e escravizada, enviada do Cáucaso para Itália, de acordo com uma nova análise de documentos com quase 600 anos. Caterina terá sido levada de Circássia, perto do mar Negro, para Veneza.

Da Vinci nasceu como filho ilegítimo de um notário, Piero da Vinci, e de Caterina, que se acredita ser uma camponesa, precisamente em Vinci, na região de Florença. Anteriormente conhecida como Caterina Buti del Vacca, estudos recentes identificam-na como Caterina di Meo Lippi.

A confirmar-se a nova análise destes documentos, isto significaria que Leonardo da Vinci era apenas meio-italiano.

Carlo Vecce, que encontrou os documentos, usou a descoberta como tema de um romance histórico. O livro chama-se “Il Sorriso di Caterina [“O sorriso de Caterina, a mãe de Leonardo”] e contém factos da sua investigação. As descobertas, no entanto, ainda não foram revistos por pares e publicados numa revista científica.

“A mãe de Leonardo era uma escrava circassiana”, disse Vecce numa conferência de imprensa realizada esta terça-feira, citado pela Live Science. “Retirada da sua casa nas montanhas do Cáucaso, vendida e revendida várias vezes em Constantinopla, depois em Veneza, antes de finalmente chegar a Florença, onde conheceu um jovem notário, Piero da Vinci”.

O polímata é considerado uma das figuras mais importantes do Renascimento, que se destacou como cientista, matemático, engenheiro, inventor, anatomista, pintor, escultor, arquiteto, botânico, poeta e músico.

Investigar os antepassados de Leonardo da Vinci é uma tarefa complicada. Pouco se sabe sobre a sua mãe e a única ascendência que pode ser minimamente rastreada é a do seu pai.

Vecce encontrou os documentos anteriormente desconhecidos nos Arquivos do Estado de Florença. Entre eles está um certificado latino, assinado por Piero e datado de 2 de novembro de 1452, que libertou Caterina da escravidão. Um ano antes, em 1451, Caterina conheceu Piero depois de ser comprada por um cavaleiro de Florença para trabalhar como ama de leite, de acordo com Vecce.

“O notário que libertou Caterina era a mesma pessoa que a amava quando ela ainda era escrava e com quem teve este filho”, garante Vecce.

A teoria sugerida por Carlo Vecce tem dividido opiniões dentro da comunidade científica.

Paolo Galluzzi, presidente honorário do Museu Galileo, em Florença, disse à Live Science que a nova tese “é extremamente convincente” e baseada em documentos históricos.

Por outro lado, Martin Kemp, professor de História da Arte na Universidade de Oxford, disse à NBC News que nenhuma das histórias sobre as origens de Caterina foi provada.

Há outra teoria que sugere que a mãe de Leonardo da Vinci era uma escrava chinesa.

“Um cliente do pai de Da Vinci tinha uma escrava chamada Caterina. Após 1452, ano em que Leonardo nasceu, esta mulher desaparece de todos os documentos existentes. Provavelmente terá deixado de trabalhar ali”, explicou o historiador e romancista italiano Angelo Paratico, em 2014, ao SCMP.

Angelo Paratico vai ainda mais longe: “Mona Lisa será, provavelmente, um retrato da sua mãe, como sugeriu Freud em 1910. Por trás da Mona Lisa está pintada uma paisagem oriental, até a sua cara tem traços orientais”.

Daniel Costa, ZAP //

1 Comment

  1. “isto significaria que Leonardo da Vinci era apenas meio-italiano.”
    Esta conclusão é um pouco estranha. Então o D. Afonso Henriques nem seria português. Nem sequer meio-português, ddo que a sua mãe era leonesa e o pai francês.
    Leonardo da Vinci era claramente italiano por inteiro, embora filho de um italiano e, eventualmente, de uma circassiana.

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