/

Maduro acusa embaixador espanhol de conspiração em golpe de Estado (e expulsa embaixadora da UE)

1

O Presidente venezuelano acusou esta terça-feira o embaixador de Espanha no país, Jesus Silva Fernández, de cumplicidade com um político (seu opositor) numa conspiração para realizar um golpe de Estado que incluiria o seu assassinato. Além disso, Maduro expulsou a embaixadora da União Europeia (UE) no país.

“A Venezuela reserva ações diplomáticas sobre o embaixador de Espanha pela sua participação na [frustrada] invasão armada de Macuto [a 3 de maio] e pela sua cumplicidade com os atos criminosos do senhor Leopoldo López. Esperem notícias nas próximas horas”, disse Nicolás Maduro.

Nicolás Maduro falava no palácio presidencial de Miraflores, durante um ato que assinalou o Dia do Jornalista (27 de junho) em que vários profissionais da comunicação social foram distinguidos com o prémio Simón Bolívar.

Segundo o Presidente da Venezuela, o jornal norte-americano The Wall Street Journal publicou recentemente um artigo no qual se indicava que “na Embaixada de Espanha em Caracas se planeou o assassínio de Nicolás Maduro e a invasão armada de grupos mercenários preparados na Colômbia”.

“O atual embaixador da Espanha na Venezuela foi quem serviu de cúmplice ao criminoso e terrorista Leopoldo López para assassinar-me, assassinar o alto comando político-militar do país e para uma invasão armada para impor um governo pela força, um golpe de Estado e um governo marioneta dos EUA”, acusou.

No início de maio, o governo venezuelano declarou que impediu uma “invasão” – em duas localidades no norte da Venezuela, Macuto e Chuao – destinada a realizar um golpe de Estado contra Maduro e anunciou a detenção de pelo menos 52 pessoas, incluindo dois ex-soldados norte-americanos.

Caracas acusou o líder opositor Juan Guaidó de ter organizado a operação com um terceiro ex-soldado norte-americano, Jordan Goudreau, e um venezuelano residente em Miami, Juan José Rendon. Donald Trump garantiu que os Estados Unidos não estavam por trás da operação abortada.

Mais recentemente o governo venezuelano acusou Leopoldo López de estar envolvido na frustrada invasão marítima. Leopoldo López é um economista e político venezuelano que fundou o partido Vontade Popular (centro-esquerda), que Juan Guaidó integrou até janeiro. Em setembro de 2015 foi condenado a mais de 13 anos de prisão pela morte de três cidadãos que participaram numa manifestação, a 12 de fevereiro de 2014, em Caracas, que terminou em violência.

A 8 de junho de 2017, depois de uma greve de fome na prisão de Ramo Verde, um tribunal autorizou-o a ficar em prisão domiciliária, sob custódia de agentes do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional da Venezuela (Sebin, serviços secretos).

Na manhã de 30 de abril de 2019 apareceu junto a Juan Guaidó e vários militares, numa autoestrada de Caracas, a apelar aos venezuelanos para não reconhecerem o governo de Nicolás Maduro e a exigirem a sua saída do poder. Nesse mesmo dia refugiou-se na embaixada de Espanha na Venezuela.

Maduro expulsa embaixadora da União Europeia

Maduro expulsou esta terça-feira a embaixadora da União Europeia (UE) no país, a portuguesa Isabel Brilhante Pedrosa, horas depois de a UE sancionar 11 funcionários de Caracas.

“Quem são eles para sancionar, para se tentarem impor com a ameaça? Quem são? Basta! É por isso que decidi dar à embaixadora da UE em Caracas 72 horas para deixar o nosso país e exigir respeito da UE”, disse Maduro durante uma intervenção televisiva.

Maduro começou por explicar que a UE divulgou uma resolução “em que a supremacista UE sanciona aqueles venezuelanos que, formando parte de instituições do Estado, defendem a Constituição”. “Sancionaram a junta da direção da Assembleia Nacional opositora porque negou-se a cumprir ordens da embaixada da UE em Caracas. Sancionaram um grupo de generais, um grupo de constituintes (membros da Assembleia Constituinte, composta unicamente por simpatizantes do regime)”, disse.

Depois, o chefe de Estado questionou “qual o motivo”, para responder: “Já basta do colonialismo europeu contra a Venezuela, da perseguição contra a Venezuela“. “Setenta e duas horas para que a embaixadora da União Europeia abandone o país. Já basta de intervencionismo colonialista, de ‘supremacismo’ e de racismo! Já basta!”, enfatizou.

A UE sancionou esta terça-feira 11 funcionários do Governo do Presidente Nicolás Maduro e de vários poderes públicos venezuelanos. Os sancionados são acusados de “atuar contra o funcionamento democrático da Assembleia Nacional (parlamento) e de violar a imunidade parlamentar” dos deputados, inclusive do líder opositor e presidente daquele órgão, Juan Guaidó.

Foram sancionados os deputados Luis Parra, Franklyn Duarte e José Gregório Noriega. Na lista estão também os procuradores Farik Mora e Dinorah Bustamante, o diretor da Comissão Nacional de Telecomunicações, Jorge Márquez, o magistrado do Supremo Tribunal de Justiça Juan José Mendoza, o auditor das despesas públicas Elvis Amoroso, os membros da Assembleia Constituinte Tânia Díaz e Cladys Requena, e o secretário-geral do Conselho de Defesa da Nação, José Adelino Ornelas Ferreira.

Os sancionados estão proibidos de entrar no espaço europeu e os seus ativos ficam congelados.

A UE considerou ilegal a votação que levou à eleição de Luis Parra como presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, onde a oposição a Maduro é maioritária. “A suposta eleição de Luis Parra não foi legítima porque não respeitava os procedimentos legais e os princípios constitucionais democráticos”, afirmou a UE.

“Os últimos desenvolvimentos agravaram ainda mais a contínua crise institucional e política na Venezuela e reduziram o espaço democrático e constitucional no país”, acrescentou a UE, citada pela agência noticiosa AFP.

Os Governos da Colômbia, Bolívia e Paraguai condenaram a expulsão da embaixadora da UE. “Rejeitamos a decisão tomada pelo regime ilegítimo de Nicolás Maduro. Continuamos a chamar a comunidade internacional para impedir a tirania em nosso país irmão“, afirmou o Ministério das Relações Exteriores da Colômbia.

Por seu lado, o Ministério das Relações Exteriores do Paraguai publicou outra mensagem na qual “lamenta a decisão do regime ilegal de Maduro de expulsar o representante da UE na Venezuela” e que deve deixar o país sul-americano nas próximas 72 horas. O Governo de Mario Abdo Benítez “insta a comunidade internacional a continuar a trabalhar pela cessação da tirania e a promover o regresso da democracia” na Venezuela.

Por outro lado, o Governo da Bolívia emitiu uma breve declaração também para condenar a expulsão de Brilhante. “O Governo da Bolívia condena a expulsão. E também reafirma seu apoio à União Europeia nos múltiplos esforços que está a fazer para alcançar uma solução pacífica e democrática para a crise na Venezuela”, pode ler-se na nota oficial.

Isabel Brilhante Pedrosa exercia as funções de embaixadora da União Europeia na Venezuela desde fevereiro de 2018. A entrega das cartas de acreditação da embaixadora teve lugar numa cerimónia, no palácio presidencial de Miraflores, em Caracas, transmitida pela televisão estatal venezuelana.

Enquanto Isabel Brilhante Pedrosa era recebida por Maduro, a televisão estatal venezuelana destacava a assinatura de diversos acordos de cooperação entre Portugal e a Venezuela, ao longo de 11 reuniões da comissão mista de acompanhamento bilateral, particularmente na área do petróleo.

Entre 2008 e 2011, Isabel Brilhante Pedrosa, desempenhou as funções de cônsul-geral de Portugal em Caracas, período que coincidiu com o forte impulso político e económico das relações bilaterais, promovido pelos à data Presidente e líder da revolução bolivariana, Hugo Chávez (1954-2013), e primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates.

A Venezuela tem, desde janeiro, dois parlamentos (Assembleia Nacional) parcialmente reconhecidos, um de maioria opositora, liderado por Juan Guaidó, e um pró-regime, liderado por Luís Parra. A crise política, económica e social na Venezuela agravou-se desde janeiro de 2019, quando Juan Guaidó se autoproclamou presidente interino do país, até afastar Nicolás Maduro do poder, convocar um Governo de transição e eleições livres. Guaidó conta com o apoio de quase 60 países.

ZAP // Lusa

1 Comment

  1. Quando metem um burro na politica da nisto…

    Faz do estado sua casa permante…

    nao sabe que estado é para prestar servico e nao para se servir

    infelismente acontece tambem nalgumas democracia

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.