“Tsunami” em França: Macron ganha mas perde maioria absoluta

Christophe Petit Tesson/EPA

As eleições para a Assembleia Nacional Francesa terminaram com vitória do partido do presidente de França. Mas extrema-direita subiu muito.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, garantiu a maioria dos lugares no Parlamento mas perdeu a maioria absoluta, indicam as primeiras projeções que também indicam uma forte subida de extrema-direita.

A abstenção rondou os 54%, mais elevada face à primeira volta da passada semana.

Depois de, na primeira volta das eleições presidenciais francesas, a coligação de esquerda Nova União Popular Ecológica e Social (NUPES) e a coligação presidencial Juntos! (Ensemble!, em francês) terem ficado separadas por cerca de 20 mil votos, Macron vinha repetindo os apelos a um “sobressalto republicano” nesta segunda volta. Pelo contrário, o líder do NUPES, Jean-Luc Mélenchon, tinha pedido que estas eleições fossem uma “terceira volta” das eleições presidenciais.

Silêncio e surpresa

Os militantes da coligação Juntos!, que apoia o Presidente francês, reagiram às projeções, que indicam que Macron deverá perder a maioria absoluta, com silêncio total e levantando as sobrancelhas num gesto de surpresa.

Na sede de campanha da coligação Juntos! (Ensemble!, em francês), no 8.º bairro de Paris, cerca de três dezenas de simpatizantes começaram a juntar-se, pouco antes das 20:00 (19:00 de Lisboa) à frente dos dois ecrãs televisivos que se encontram na sala onde o deputado Sylvain Maillard, candidato nestas legislativas pelo 1.º círculo eleitoral de Paris, irá discursar.

Às 20:00, quando as televisões divulgaram as primeiras projeções desta segunda volta – que indicam que Macron deverá perder a maioria absoluta –, a maioria dos militantes recebeu os resultados com silêncio e levantar de sobrancelhas.

Pouco depois, os militantes em questão recusaram-se a prestar declarações aos jornalistas, afirmando que preferem esperar pelos resultados finais e que a primeira-ministra, Elisabeth Borne, se exprima.

Antoine, de 20 anos, mostrou-se, no entanto, “extremamente desiludido” com a progressão do partido de extrema-direita, União Nacional, que, segundo as projeções, deverá obter 89 deputados, uma grande progressão relativamente a 2017, quando tinha oito.

O militante disse ainda estar “um bocado surpreendido” com os resultados, porque “esperava verdadeiramente” que a coligação presidencial obtivesse uma maioria absoluta.

“Conseguimos, ainda assim, uma maioria relativa, que é o que interessa. Não acho que o país se tenha tornado ingovernável, mas só as próximas semanas o dirão”, sublinhou.

Clément, de 35 anos, disse “estar chocado” com o facto de Macron ter perdido a sua maioria absoluta. Questionado se está impressionado com a progressão da extrema-direita, Clément respondeu: “Não foi a União Nacional que nos roubou votos, foi a NUPES, a NUPES é que nos roubou”.

“Tsunami” nos votos

O presidente interino do Rassemblement National (União Nacional, RN), felicitou-se hoje pelo ‘tsunami’ realizado pela sua formação nas legislativas francesas.

“É uma vaga de azul-marinho por todo o país. A lição desta tarde é que o povo francês faz de Emmanuel Macron um Presidente minoritário”, declarou Jordan Bardella à estação televisiva TF1, na sequência das primeiras projeções que fornecem entre 60 a 100 deputados à Assembleia nacional para o RN, um resultado histórico.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, terá mantido parte considerável lugares no Parlamento mas perdeu a maioria absoluta, referem as primeiras projeções que também confirma a forte subida da extrema-direita.

Caso se confirmem estes resultados, significam um importante revés para o Presidente francês, que será forçado a procurar alianças para aplicar o seu programa de reformas nos próximos cinco anos.

Segundo as primeiras projeções dos institutos de sondagens, a coligação Ensemble! (Juntos!) do Presidente obterá entre 200 e 260 lugares, muito longe da maioria absoluta de 289 deputados (num total de 557) na Assembleia nacional.

Por sua vez, a aliança de esquerda Nova União Popular Ecológica e Social (NUPES), liderada por Jean-Luc Mélenchon, situa-se entre 150 e 200 deputados, tornando-se no primeiro grupo da oposição no Parlamento, segundo as projeções.

O partido de extrema-direita Rassemblement National (União nacional, RN), de Marine Le Pen, garante entre 60 e 100 deputados segundo as mesmas fontes, o que representa um considerável reforço do seu grupo parlamentar face aos atuais oito assentos.

Sem surpresa, este escrutínio, o quarto em dois meses após as presidenciais, registou uma taxa de abstenção situada entre os 53,5% e os 54%, mas sem atingir o recorde da segunda volta presidencial de 2017 (57,36%). O valor é superior ao registado na primeira volta, no domingo passado.

A repartição definitiva dos 577 lugares do Parlamento apenas deverá ser conhecida no final da noite.

// Lusa

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