A empresa avançou para a insolvência após maus investimentos, acumulação de dívidas e um desentendimento entre os irmãos Carvalho.
A Desfruta, reconhecida como uma das maiores produtoras de maçã do país, enfrentou o seu colapso definitivo, sendo declarada insolvente em 31 de julho de 2023.
A decisão culminou no despedimento dos seus 40 trabalhadores, após o relatório do administrador de insolvência, Francisco José Areias Duarte, ter revelado incapacidade financeira para cobrir salários e encargos.
Fundada pelos irmãos Bruno Miguel e Carlos Rui de Carvalho, a Desfruta destacou-se no setor agrícola pela compra, conservação, calibração e embalamento de maçãs, distribuindo mais de 17 mil toneladas anuais a gigantes retalhistas como Pingo Doce, Lidl, e Aldi, além de exportar para mercados internacionais incluindo o Brasil, Angola, Dubai, e Líbia, aponta o Negócios.
Nos últimos anos, a empresa enfrentou desafios significativos, desde investimentos avultados em capacidade industrial que falharam em gerar retorno, a campanhas de maçã decepcionantes e adversidades decorrentes da pandemia de covid-19 e da guerra na Ucrânia.
A sua receita sofreu uma redução acentuada, caindo de 13,4 milhões de euros em 2021 para 9,8 milhões no ano seguinte.
A gota de água acabou de ser a desavença entre os irmãos e a saída de Bruno Miguel Carvalho da administração. O processo de insolvência revelou dívidas de 10,8 milhões de euros a 152 credores, incluindo instituições financeiras de renome e entidades estatais, com o Crédito Agrícola Mútuo do Vale do Távora e Douro a liderar a lista com um crédito de 4,7 milhões de euros.
Após a rejeição de um plano de recuperação pelos credores, que contava com 86% dos votos contra, a Desfruta seguiu para liquidação. Atualmente, a unidade industrial da Desfruta encontra-se em leilão online com um valor base de 12,14 milhões de euros, apesar das estimativas do administrador de insolvência sugerirem que o verdadeiro valor dificilmente ultrapassará os 7 milhões de euros.
O interesse pela aquisição já foi manifestado por outros operadores, com destaque para o proprietário da Quinta de Vilar, que expressou a intenção de adquirir a insolvente por seis milhões de euros.