Como começou a investigação a Macaco? Estavam na AG sócios que são procuradores

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Macaco Líder / Facebook

Fernando Madureira lidera a claque portista Super Dragões.

O Ministério Público acusa o líder dos Super Dragões de fazer parte de um esquema de venda de bilhetes para os jogos do FC Porto no mercado negro e acredita que o medo de perder esta regalia motivou as agressões na AG.

Fernando Madureira, o líder dos Super Dragões conhecido como “Macaco Líder” que foi recentemente detido no âmbito das agressões na Assembleia-Geral do FC Porto em Novembro, está a construir uma moradia de luxo em Canidelo, Vila Nova de Gaia.

De acordo com o Correio da Manhã, a casa valerá cerca de dois milhões de euros quando for concluída, e terá vista para a praia. A casa terá uma área habitável de 424 m2 e uma piscina, num terreno com uma área total de 620 m2 numa zona onde o preço por m2 ronda os 250 euros.

A construção da casa acaba por ser suspeita dado que “Macaco” e a esposa Sandra Madureira, que também foi detida, declaram menos de 2000 euros por mês às Finanças. Foram também apreendidos três carros de alta cilindrada, droga e 50 mil euros que estavam num cofre na casa do casal.

O Ministério Público (MP) suspeita que este dinheiro será oriundo da venda de bilhetes para jogos do FC Porto no mercado negro, com a conivência de Fernando Saul, o funcionário do clube que faz a ponte com os adeptos.

Terá sido precisamente o receio de André Villas-Boas ser eleito que motivou as agressões e insultos na AG do clube, com Madureira a temer que a saída de Pinto da Costa da presidência levasse ao fim deste esquema.

Recorde-se que a AG foi convocada para os sócios votarem os novos estatutos, que incluíam mudanças que foram entendidas por muitos adeptos como feitas à medida para travar uma possível vitória de Villas-Boas — aumentar de um para dois anos o tempo mínimo para um sócio poder votar, instaurar o voto eletrónico e colocar de urnas em casas do clube.

Vários membros dos Super Dragões participaram na AG com o intuito de intimidar os sócios a aprovar os novos estatutos, tendo recorrido inclusivamente à violência e ameaças de morte contra apoiantes de Villas-Boas, recorda o JN.

Segundo o MP, Adelino Caldeiro, o administrador da SAD do FC Porto, terá sido o cérebro deste plano, que previa ainda a entrega de pulseiras de sócios a “penetras” que iam ajudar a manipular a votação na AG.

“Era propósito dos visados manter o seu status quo, sem perdas de regalias. Caso se mantivesse o atual presidente no cargo, Jorge Nuno Pinto da Costa, tal significaria que Fernando Saul, Fernando e Sandra Madureira veriam garantido os seus ganhos tirados da bilhética para os jogos de futebol, conduta já conhecida e bastante noticiada”, aponta o MP.

O JN dá conta ainda que as autoridades decidiram avançar com as buscas e detenções agora por temerem mais episódios de violência na sequência do anúncio oficial da candidatura de André Villas-Boas e da confirmação da recandidatura de Pinto da Costa — especialmente após o prédio onde o ex-treinador portista vive ter sido vandalizado e o porteiro ter sido agredido.

Segundo o Observador, a decisão de abrir uma investigação aos acontecimentos da AG partiu de relatos de procuradores que estavam presentes na reunião na qualidade de sócios.

Terão sido os relatos informais destes procuradores a  levar a que a procuradora Graça Ferreira avançasse de imediato com uma investigação à claque.

Apoiantes de Macaco aparecem em tribunal

No dia seguinte às detenções, uma manifestação de apoio reuniu centenas de pessoas, incluindo membros dos Super Dragões, em frente ao Tribunal de Instrução Criminal do Porto, que se mostraram solidários com os detidos com cânticos e aplausos.

Durante o primeiro interrogatório judicial, apenas três dos 12 detidos se mostraram abertos a prestar declarações. Madureira, inicialmente inclinado a falar, optou posteriormente pelo silêncio, estratégia que a sua esposa também deverá seguir.

Vítor Catão, um conhecido adepto portista e um dos detidos, voltou também a insultar jornalistas da CMTV à saída da esquadra da PSP, depois de já ter tido insultado repórteres que estavam a cobrir a AG em Novembro.

A “Operação Pretoriano” mobilizou mais de 250 agentes da PSP e envolveu uma logística significativa.

ZAP //

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