Lula da Silva constituído arguido por tentativa de obstrução à Justiça

Ricardo Stuckert / Instituto Lula

O ex-presidente do Brasil, Lula da Silva

O ex-presidente do Brasil, Lula da Silva

O ex-Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva foi constituído arguido por tentativa de obstrução à justiça no âmbito da Operação Lava Jato, anunciou fonte judicial esta sexta-feira.

A operação Lava Jato investiga o maior esquema de corrupção da história do Brasil e a decisão partiu do juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara da Justiça Federal de Brasília.

A medida inclui outras seis pessoas em réus, designadamente o ex-senador Delcídio do Amaral, o ex-chefe de gabinete de Delcídio, Diogo Ferreira, o banqueiro André Esteves, o advogado Edson Ribeiro, o ganadeiro José Carlos Bumlai e o filho deste, Maurício Bumlai.

São todos acusados de tentar comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, que foi responsável pela Área Internacional da petrolífera estatal brasileira, tentando impedi-lo de assinar um acordo de delação premiada (prestação de informações em troca de eventual redução de pena).

Lula da Silva diz-se cansado de denúncias

O ex-Presidente brasileiro confessou-se cansado de denúncias contra si, após ter sido constituído arguido, pela primeira vez, no âmbito da Operação Lava Jato.

“Eu não quero falar dos meus problemas pessoais para não transformá-los em problemas coletivos, mas enquanto estou aqui conversando com vocês, fiquei a saber que foi aceite uma denúncia contra mim de obstrução da Justiça”, disse, durante um discurso para trabalhadores do ramo financeiro em São Paulo.

“Vamos ver, eu não conheço, sei apenas da notícia, vamos ver o que é que é, eu não ia tocar no assunto, mas eu já cansei”, confessou.

De seguida, Lula da Silva, sem falar neste caso, começou a defender-se de outras acusações, em concreto de ser proprietário de uma propriedade rural em Atibaia e de um apartamento no Guarujá (ambos no estado de São Paulo), frisando que não tem de provar nada, mas sim a “imprensa que acusou” e o “Ministério Público que falou”.

Lula da Silva referiu ainda que se sente provocado a voltar a candidatar-se à Presidência da República em 2018.

“Se o que eles estão a falar pela imprensa, de que o objetivo de tudo isso é tirar o Lula da campanha de 2018, não precisavam fazer isso. Porque podemos escolher um outro companheiro com mais qualidade ou uma companheira”, disse.

“Achar que eu vou ficar quieto por conta de ameaça, eu não vou. Eu duvido que tenha alguém nesse país que seja mais cumpridor da lei do que eu. A única coisa que eu quero é respeito”, sublinhou.

O ex-chefe de Estado pediu ainda que setores da imprensa não o condenem através de manchetes e frisou que há uma ação premeditada de criminalizar o Partido dos Trabalhadores (PT), o seu movimento político.

“Que há vazamentos seletivos da imprensa contra o PT, eu não tenho dúvida. Eu não sou de ficar a chorar, eu sou de ficar a brigar. Eu acho que temos de ter consciência do processo que está a acontecer no Brasil”, disse.

Antes, a defesa de Lula da Silva fez saber, através de comunicado, que a inocência do ex-líder brasileiro “será certamente reconhecida” e lembrou que Lula da Silva “já esclareceu ao Procurador-Geral da República [Rodrigo Janot], em depoimento, que jamais interferiu ou tentou interferir em depoimentos relativos à Lava Jato”.

“A acusação baseia-se exclusivamente na delação premiada de réu confesso e sem credibilidade – que fez acordo com o Ministério Público Federal para ser transferido para prisão domiciliar”, advogaram os defensores de Lula da Silva, numa referência ao ex-senador Delcídio do Amaral.

ZAP / Lusa

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