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Luís Filipe Vieira suspende funções como presidente do Benfica

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António Pedro Santos / Lusa

O presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira

No dia em que está a ser ouvido em Tribunal, Luís Filipe Vieira pediu a suspensão de funções como presidente do Benfica, anunciou o seu advogado. O líder do clube da luz irá responder por branqueamento de capitais, abuso de confiança, fraude fiscal qualificada, burla qualificada e falsificação de documentos.

Foi Magalhães e Silva quem comunicou a decisão de Luís Filipe Vieira, que está a ser interrogado pelo juiz Carlos Alexandre, no âmbito da operação Cartão Vermelho.

“Pode demorar ou ser rápido, tudo vai depender do interrogatório”, disse Magalhães e Silva, o advogado de Luís Filipe Vieira à entrada do Tribunal Central de Instrução Criminal, questionado pelos jornalistas sobre quando seriam conhecidas as medidas de coação que irão ser decretadas ao seu cliente.

Magalhães e Silva vincou que não se encontra preocupado com os indícios que constam nos autos, num dia em que o presidente benfiquista será ouvido, embora não se sabendo se “pode demorar ou ser rápido”, pois “tudo vai depender da duração dos interrogatórios” aos detidos no processo.

Tiago Rodrigo Bastos, que representa o filho de Luís Filipe Vieira, Tiago, também à entrada do tribunal, afirmou que vai contrariar a tese do Ministério Público. Tiago Vieira deverá prestar “alguns esclarecimentos”, acrescentou.

“Não se trata de acreditar ou não acreditar. Diria que não se justifica rigorosamente de forma nenhuma”, indicou Tiago Rodrigues Bastos aos jornalistas, quando questionado se acredita numa medida de coação preventiva de liberdade para os arguidos, tendo acrescentado: “A indiciação não faz muito sentido. A seu tempo, explicaremos”.

Como tal, o causídico admitiu que Tiago Vieira poderá “prestar alguns esclarecimentos”, de forma que se possam ultrapassar “algumas dúvidas que existam”, num processo que “é muito grande” e que “demora algum tempo a ser visto”, realçou.

Já o advogado de José António dos Santos, conhecido como “rei dos frangos”, afirmou que o seu cliente “não fez nada de ilegal, nem imoral e muito menos praticou qualquer crime”.

Sem prestar quaisquer declarações, a advogada do agente de futebol Bruno Macedo, Paula Lourenço, foi a última a chegar às instalações do tribunal criminal, em Lisboa.

Dívida ao Novo Banco

Um dos crimes ao qual Luís Filipe Vieira terá de responder prende-se com a sua dívida de milhões ao Novo Banco.

Como noticia o Público, foi o próprio Luís Filipe Vieira que esteve por trás da compra realizada no ano passado de uma dívida de 54,3 milhões de euros que uma das suas empresas, a Imosteps, tinha ao Novo Banco, tendo desembolsado por ela apenas um sexto do valor que o Banco Espírito Santo (BES) lhe tinha emprestado mais de seis anos antes.

Vieira terá comprado uma dívida da Imosteps de 54,3 milhões por um sexto do valor que o BES lhe tinha emprestado mais de seis anos antes.

O jornal escreve que o negócio ainda terá tido bónus: uma participação de 12,5% que o Novo Banco tinha numa outra sociedade, a Oata – que seria o principal ativo da Imosteps – que detinha 50% do seu capital; e ainda o direito a receber um reembolso de mais de 17 milhões de euros que o BES injetara nessa empresa.

Esta é a tese defendida pelo Ministério Público (MP) nos mandados de buscas no âmbito das buscas realizadas na operação “Cartão Vermelho”, que na quarta-feira levou à detenção de quatro pessoas, incluindo o presidente do Benfica, o seu filho e dois empresários amigos.

Apesar de, formalmente, quem comprou e financiou a dívida da Imosteps ao Novo Banco ter sido um fundo controlado pelo empresário José António dos Santos, fundador do maior grupo nacional do sector agro-alimentar e amigo do presidente do Benfica, na realidade todo o esquema terá sido montado por Vieira e pelo filho Tiago, sustenta o MP.

Luís Filipe Vieira vendeu as ações da Imosteps ao amigo e empresário José António dos Santos por um euro no final do ano passado. Esta operação permitiu ao presidente do Benfica libertar os avales pessoais e da sua mulher, Vanda Vieira, que tinham sido dados sobre a dívida de 54 milhões de euros que aquela sociedade chegou a ter no Novo Banco.

A Imosteps, uma promotora imobiliária com ativos no Brasil, incluindo cemitérios, será um dos fios da investigação que levou à detenção do presidente do Benfica e do chamado “Rei dos frangos”, entre outros, na passada quarta-feira.

“No entanto, indiciam os autos que Luís Filipe Vieira continuou a tomar todas as decisões relativas aos negócios daquelas duas sociedades e sobre os ativos do Brasil”, afirma o MP, citado pelo ECO.

De acordo com o Observador, apesar de não imputar responsabilidades criminais a nenhum gestor, a investigação do MP censura duramente o Novo Banco por nada ter feito para recuperar a dívida de uma empresa de Luís Filipe Vieira chamada Imosteps e de ainda ter dado várias ‘borlas’ ao empresário da construção.

Na quarta-feira, os inspetores que se deslocaram a casa de Luís Filipe Vieira para investigar e apreender documentos encontraram valores monetários originários de vários países.

Além de 2910 euros, escreve o Record, o auto de busca e apreensão indica que “no cofre da despensa” da casa de Cruz Quebrada encontravam-se 7888 reais (Brasil), 1345 libras (Reino Unido), 100 000 dobras (São Tomé) e 440 meticais (Moçambique).

Bruno Macedo acusado de ser testa de ferro de Luís Filipe Vieira

O Ministério Público (MP) está convencido que o empresário de futebol Bruno Macedo participou num esquema fraudulento, com vista a beneficiar o presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, em prejuízo do clube lisboeta e do Estado português.

De acordo com parte do despacho de indiciação a que a Lusa teve hoje acesso, Bruno Macedo é descrito como testa de ferro de Luís Filipe Vieira, que foi detido no âmbito de uma investigação a negócios e financiamentos suscetíveis de configurar “crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento”.

“Apurou-se ainda que, nos anos de 2015 e 2016, a SL Benfica SAD realizou pagamentos diretos à Master International FZE no montante global de 2.636.362,62 euros, sendo que tais ganhos foram mobilizados, na sequência do acordado entre Luís Filipe Vieira e Bruno Macedo, para, pelo menos em parte, virem a beneficiar as sociedades do Grupo de Luís Filipe Vieira”, refere o MP.

De forma a “ocultar a origem dos fundos nas contas da Master”, indica o despacho, os suspeitos acordaram utilizar outra estrutura societária, constituída na Tunísia, “forjando a existência de faturação emitida por esta à Master, de forma a justificar a circulação de fundos”.

A investigação do MP apurou ainda que a Master International FZE, utilizada por Bruno Macedo para recebimento de ganhos obtidos com a intermediação de futebolistas, serviu para “parquear uma mais-valia” gerada com a transferência dos paraguaios Derlis González e Cláudio Correa.

“A qual se estima no montante de 1.280.000 euros, valor que deveria ter sido refletido como um ganho nas contas da SL Benfica SAD, e no seu beneficiário final como rendimento em IRS, o que não aconteceu”, sustenta o despacho.

O MP refere ainda a sociedade Trade In, que terá sido utilizada para titular os direitos económicos do futebolista brasileiro César Martins, “sendo que num breve espaço de tempo vendeu parte desses direitos à SL Benfica SAD por um valor bastante superior, gerando em Portugal um aumento de custos que resultaram na diminuição da tributação” da SAD ‘encarnada’ em mais de 1,3 milhões de euros.

Rui Costa apela à calma dos jogadores do Benfica

De acordo com o Correio da Manhã, Rui Costa apelou esta quinta-feira à calma dos jogadores na sequência da detenção de Luís Filipe Vieira.

O mesmo jornal indica que o vice-presidente dos encarnados aproveitou o treino da manhã para transmitir uma sensação de tranquilidade ao plantel e à equipa técnica. Mas a mensagem de confiança veio acompanhada de um apelo à exigência.

Na conversa com jogadores e treinadores, Rui Costa explicou que a gestão do clube está assegurada, apesar da indefinição em torno do futuro do ainda presidente. E que, assim sendo, o dia a dia da equipa irá manter-se inalterado, tal como o planeamento anunciado para a pré-temporada.

Foi dito que o plantel não deve deixar afetar-se pelas suspeitas que recaem sobre Vieira e que é fundamental manter os níveis de concentração elevados de modo a preparar “os compromissos importantes para o clube que aí vêm”.

ZAP // Lusa

3 Comments

  1. Vai ser substituído por um membro que tem feito parte da equipa do suspeito e pelos vistos toda a equipa que fazia parte do grupo vai continuar, se é para ser uma solução de urgência ainda se tolerará, se é uma sucessão no reinado é que já deixará muitas dúvidas se estes senhores têm condições para prosseguir como tal, pois alguém acreditará que apenas o LFV controlava e conhecia as contas do clube?

  2. Será que já não vai ao próximo almoço convívio na Assembleia da Republica com os deputados Benfiquistas?
    Quando a promiscuidade entre Futebol e Politica terminar talvez as coisas melhorem e o estado tenham mais autoridade para combater a corrupção

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