Luaty Beirão já regressou à cadeia

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José Sena Goulão / Lusa

Vigília por Luaty Beirão em Lisboa

Vigília por Luaty Beirão em Lisboa

O rapper angolano Luaty Beirão regressou esta terça-feira ao hospital-prisão de São Paulo, em Luanda, onde permanecem os restantes 14 colegas ativistas, depois de ter terminado há uma semana a greve de fome que durou 36 dias.

A informação foi prestada à Lusa, em Luanda, pela mulher, Mónica Almeida, e pelo advogado, Luís Nascimento, confirmando ambos a saída durante a tarde desta terça-feira do ativista da clínica privada da capital onde estava, sob detenção, desde 15 de outubro, devido ao estado de saúde.

“Visitei-o no hospital no domingo e este era um passo que já esperava, normal nesta fase. Mas foi um pouco mais cedo do que eu esperava”, disse à Lusa o advogado Luís Nascimento.

O músico, de 33 anos, iniciou há uma semana, com o acompanhamento médico e de um nutricionista, o processo de realimentação, inicialmente apenas com líquidos, depois de ter perdido 23 quilos.

“Ingere uma refeição sólida, muito leve, por dia, neste programa de dez dias. Está a evoluir bem”, explicou, antes da transferência, a esposa Mónica Almeida.

A greve de fome, cujo fim foi anunciado a semana passada e que teve uma duração de 36 dias, visou protestar contra o alegado excesso de prisão preventiva e exigindo aguardar julgamento em liberdade, conforme prevê a lei angolana para este tipo de crime.

Durante a greve, Luaty Beirão chegou a expressar a vontade de regressar à cadeia de São Paulo, onde os restantes ativistas permaneciam detidos, os quais, por sua vez, tinham apelado ao fim do protesto, devido à sua situação de saúde.

O julgamento deste processo arranca a 16 de novembro, no tribunal de Cacuaco, nos arredores de Luanda, pelo que além da recuperação da condição de saúde, Luaty Beirão ainda tenta participar na defesa, a cargo dos advogados Luís Nascimento e Walter Tondela, que representam 13 dos 17 acusados.

Em concreto, sobre Luaty Beirão, a acusação do Ministério Público diz que o músico e ativista “confirmou nas suas respostas” – testemunho cuja autoria foi entretanto negada pelo próprio – que os encontros que este grupo organizava, aos sábados, em Luanda, visavam “a preparação de realização de ações para a destituição do Presidente da República e do seu Governo, ao que se seguiria a criação de um Governo de transição”, recorrendo para tal a manifestações e com barricadas nas ruas.

ZAP / Lusa

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