Se houver um sismo forte em Lisboa, metade dos edifícios cai, incluindo hospitais e outras estruturas vitais. O alerta é do engenheiro civil José Paulo Costa, especialista em construções anti-sísmicas.
“Muitos prédios em Lisboa, metade deles, de acordo com o último Censo, são em alvenaria de pedra e são susceptíveis, como os prédios em Marrocos, a ter este tipo de desfecho” trágico, começa por notar o também professor universitário em entrevista à TSF e ao Diário de Notícias.
José Paulo Costa refere-se ao trágico sismo de Marrocos, avisando que o mesmo cenário pode acontecer em Portugal, uma vez que os edifícios não estão preparados para aguentar um embate sísmico.
“Em Portugal, existem construções edificadas antes dos anos 80, todas elas muito vulneráveis a sismos“. E “as construções depois dos anos 80, pela regulamentação, são resistentes ao sismo, mas podem não ter sido construídas de acordo com as melhores práticas, porque não há fiscalização nessa área“, alerta o especialista.
O engenheiro civil nota ainda que “a grande maioria das nossas casas no sul do país, mais do que metade, talvez, são sensíveis ao sismo”.
“Quando dizemos que uma casa é resistente ao sismo, significa que em caso de sismo não mata as pessoas, não colapsa. Pode ficar toda rachada, toda cheia de fendas e deformações, mas não colapsa. As casas que não resistem ao sismo, pura e simplesmente, colapsam. E se as pessoas estiverem lá dentro, morrem”, explica o professor.
O risco envolve também estruturas essenciais como acessibilidades e hospitais.
“À excepção do Hospital da Luz, que está preparado para o sismo com a melhor tecnologia que existe, o Hospital de São José colapsa, o Hospital de Curry Cabral cai, o Hospital de Santa Maria fica inoperacional“, sublinha José Paulo Costa na mesma entrevista, concluindo que isso seria “uma carência brutal de estruturas vitais que vai acontecer logo após o sismo”.
“Legislação portuguesa é óptima”, mas…
O professor universitário repara que “a legislação portuguesa é óptima” e diz que está em vigor “a norma mais evoluída em termos mundiais para proteger as construções do sismo”.
Contudo, há um problema de “cultura” e de “percepção”, pois desvaloriza-se o risco, constata.
E “nem sequer é muito dispendioso“. “Numa obra de reabilitação profunda, a parte do reforço do sismo custaria mais 15%, ou seja não é proibitivo. É mais uma questão cultural”, analisa ainda.
“Compramos uma casa velha ao preço de uma casa nova, achamos que o sismo não vai acontecer. E pode nunca acontecer, não estou a dizer que vai haver um sismo. Mas vocês vejam, ele parece que vem aí, não é? Vem da Turquia, agora está em Marrocos, e da Turquia a Marrocos é mais longe do de que Marrocos a Lisboa”, alerta.
“Os especialistas dizem que temos 72 horas para atuar depois de um sismo, mas eu digo que temos 10 anos antes de um sismo. Temos é de começar já”, destaca José Paulo Costa.
O engenheiro civil repara que “é possível reabilitar” e “fazer o retrofit sísmico das construções existentes”.
“Existe um programa de investigação com o Técnico, que se chama Rehab Toolbox, para testar técnicas para reabilitar construções antigas de alvenaria“, revela, frisando que se pode, por exemplo, “substituir o reboco do edifício por um reboco armado com rede de carbono que confina a alvenaria” para que deixe de colapsar.
O importante é depois saber se o sismo que eventualmente possa acontecer, foi provocado pela Natureza ou pelo Ser-Humano.
Cada vez que há um sismo, lá fora claro, discute-se este assunto e NÃO SE FAZ NADA, porquê? não há verba? para quantas obras dava o dinheiro queimado na TAP?
Temos tido sorte…
É lamentável é estar programada a construção do novo Hospital de Todos os Santos, na zona oriental de Lisboa e já term sido colocadas nem sei quantas pedras para dar ínicio às obras e até hoje nada aconteceu. E a grande preocupação é o novo aeroporto de Lisboa, que pelos vistos também esta´inquinado!
Se fosse eu que mandasse seria já prioritário começar a construir o novo hospital, porque tal como já era de esperar se houver aqui um sismo morremos todos e não haverá nenhum hospital com capacidade para nos socorrer, porque os que existem caiem todos, apesar de que Santa Marta e São José foram vendidos no tempo da troika, e o Estado está a pagar a renda, até ser construído o esperado Hospital que é suposto agregar todos os velhos hospitais que existem no centro da cidade.
E quanto ao novo aeroporto revitalizem o aeroporto de Beja, que custou muito dinheiro ao erário público e melhorem as acessibilidades para Lisboa e sul do país, porque nos outros países os aeroportos não ficam no centro das cidades.
E quando os decisores políticos fazem escolhas erradas deveriam pagar por isso, e não serem elegíveis para cargos públicos durante alguns anos.