Pesadelo caseiro e a festa azul em Wembley. Os números da Final e do Euro 2020. Éder entregou a Taça e Cristiano Ronaldo conquistou mais um troféu. O Campeonato da Europa visto da Linha de Fundo.
Lar Dolce Lar
Shaw marca aos 3 minutos e faz história: foi o golo mais rápido da história das finais dos Campeonatos da Europa. Estavam jogados dois minutos da Final de Wembley. Loucura caseira, apreensão italiana.
Em vantagem, a seleção inglesa conseguia controlar o jogo do adversário, mostrando capacidade de coesão, tapando todos os caminhos à Itália. O golo madrugador retirou alguma lucidez aos transalpinos.
A Inglaterra mantinha um ritmo prudente, até demasiado. Na primeira parte esteve melhor, com mais bola, mas sem grandes preocupações atacantes. A Inglaterra começou muito bem, mas depois foi desaparecendo, até que se eclipsou o sonho.
Na segunda parte assistiu-se a outro jogo. A Itália, que cedo começou a dar sinais de impaciência chegou ao empate, estavam jogados 22 minutos do segundo tempo regulamentar. A equipa cresceu, a Inglaterra passava a ser dominada, agora era a vez dos adeptos da equipa da casa mostraram rostos de preocupação.
Esta Itália está diferente. A equipa que não conseguiu o apuramento para o último Campeonato do Mundo, soube dar a volta a uma série de dificuldades. Tem uma ideia de jogo baseada na construção ofensiva, encontrando na Final um adversário que mais parece estar preparado estrategicamente para não deixar jogar.
Mérito para os audazes… não é apenas sorte, é muito mais do que isso. A seleção treinada por Roberto Mancini mudou de filosofia. Tem talento, garra, exibe uma plano de jogo que é um novo paradigma, agora não joga à italiana consegue fazer história.
Jogo a jogo a Seleção de Itália foi apresentando argumentos e conquistando adeptos, os próprios italianos e os que gostam deste jogo maravilhoso que agora a Itália joga, cativando de forma surpreendente com as ideias que traz para cada desafio. Uma Itália Imperial.
Uma Inglaterra receosa, conseguiu levar a decisão para as grandes penalidades, depois de um prolongamento aborrecido, onde a Itália foi mais competente e contou com o gigante Donnarumma, que defendeu dois penáltis, tantos como Pickford, e outro foi ao poste.
Saka, Rashford e Sancho, que entraram durante o jogo, desperdiçaram e a Itália conquistou o Campeonato da Europa.
Depois de um período em que os italianos pareciam zangados com o futebol… este está de regresso a casa. Quase que construido do zero, aqui com elevado mérito para o selecionador Roberto Mancini, a Itália renasceu. Com brilhantismo e mérito.
Números da Final Euro2020
- 53 anos depois, a Itália volta a sagrar-se campeã da Europa.
- 2.º título da Itália no Campeonato da Europa: igualou a França e está a um da Alemanha e da Espanha.
- A Itália somou o 34.º jogo sem perder: a última derrota foi em 2018, frente a Portugal.
- Mancini conquista o 14.º título da carreira e iguala o feito de Valcareggi, o treinador que levara a Itália ao seu único título de campeã da Europa, em 1968.
- 18.º jogo de Bonucci em Campeonatos da Europa: passa a ser o jogador com mais jogos pela Itália na história da competição.
- 2.ª final do Europeu decidida no desempate por grandes penalidades. A 1.ª aconteceu em 1976, com vitória da Checoslováquia sobre a Alemanha, com o célebre penalti de Panenka.
- 9.º prolongamento da Itália em Campeonatos da Europa.
- 7.ª final do Campeonato da Europa que foi a prolongamento, a 2.ª consecutiva.
- Finais do Europeu com prolongamento:1960, 1968, 1976, 1996, 2000 (também com a Itália como interveniente), 2016 e 2020 (2021).
Números do Euro2020
- 51 jogos
- 142 golos (média 2,78)
- Melhor ataque: Itália (13 golos)
- Melhor defesa: Inglaterra (2 golos sofridos)
- Pior ataque: Turquia (1 golo marcado)
- Pior defesa: Ucrânia (10 golos sofridos)
- Mais vitórias: Inglaterra (5)
- Menos vitórias: Polónia (0)
- Mais empates: Espanha (4)
- Menos derrotas: Itália (0)
- Mais cartões amarelos: Itália (12)
- Mais cartões vermelhos: País de Gales (2)
- Mais auto-golos a favor: Espanha (3)
- Melhor marcador: Cristiano Ronaldo (5 golos)
- Mais assistências: Steven Zuber/Suiça (4)
- Mais minutos: Giggi Donnarumma (719)
- Árbitro com mais jogos: Felix Brych (5)
Prémios Euro2020 – Ronaldo não podia faltar na lista
Melhor Jogador – Giggi Donnarumma
O sucessor do lendário Buffon respondeu à altura. Esteve em destaque em todos os jogos.
O guarda-redes de 22 anos, que não sofreu qualquer golo nos três jogos da fase de grupos, encaixou o primeiro frente à Áustria, nos oitavos de final, um contra a Bélgica, nos quartos de final, um contra a Espanha, nas meias-finais, e um contra a Inglaterra.
Na final do Euro (1-1 após prolongamento, 3-2 no desempate por grandes penalidades), Donnarumma esteve superlativo, conseguindo defender dois penáltis, ele que já tinha defendido o penálti marcado pelo avançado Morata, que deu a vitória à Itália sobre a Espanha nas meias-finais. Depois das férias, segue-se nova aventura como reforço do Paris Saint Germain.
É a segunda vez que um guarda-redes arrecada o prémio de melhor jogador de um Campeonato da Europa. A outra ocasião foi em 1992, quando Peter Schmeichel conquistou o prémio depois de levar a Dinamarca ao surpreendente título europeu.
Melhor Jogador Jovem – Pedri González
Pedri González foi o escolhido como melhor jovem jogador do Campeonato da Europa, sucedendo ao português Renato Sanches, que arrecadou o prémio em 2016.
Com 18 anos, o talentoso jogador do Barcelona destacou-se como jogador fundamental no meio campo da equipa espanhola, sendo titular indiscutível durante todo a prova.
“O que o Pedri fez neste torneio, aos 18 anos, ninguém fez. Nem mesmo Andrés Iniesta fez isso; é incrível, único”. Foi desta forma que o selecionador espanhol Luis Enrique definiu Pedri, depois do último jogo da Espanha no Euro2020.
Agora o “craque” estará em ação nos Jogos Olímpicos.
Melhor Marcador – Cristiano Ronaldo
Portugal despediu-se do Euro2020 ainda nos oitavos de final, diante da Bélgica, mas Cristiano Ronaldo conseguiu levar o troféu de melhor marcador da competição, depois de ter igualado Ali Daei no topo dos melhores marcadores da história das seleções, com 109 golos.
Desta vez, com cinco golos e quatro jogos – dois frente à Hungria, um frente à Alemanha e dois diante da França, todos na fase de grupos, o capitão da seleção nacional sagrou-se o melhor marcador do Euro2020, com cinco golos, os mesmos do checo Patrik Schick, mas com mais uma assistência… decisiva para conquistar mais um troféu (dos poucos) que lhe faltava.
Aos 36 anos, Ronaldo tornou-se no jogador mais velho a sagrar-se melhor marcador de um Campeonato da Europeu. É o melhor marcador de sempre em Europeus, com um total de 14 golos em cinco edições.
O Onze do Euro
O Onze do Euro: Donnarumma (Itália); Bonucci (Itália), Chielini (Itália) e Spinazzola (Itália); Busquets (Espanha), Jorginho (Itália), Pedri (Espanha) e Chiesa (Itália); Ronaldo (Portugal), Benzema (Françla) e Kane (Inglaterra).