A mudança já está a acontecer; há 50 anos. Portugal deveria ter um “kit cultural” para os futuros residentes. A análise de José Manuel Diogo.
Portugal tem registado uma chegada muito significativa de brasileiros, ao longo dos últimos anos.
As últimas previsões da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) apontam para 1,6 milhões de estrangeiros residentes em Portugal. E praticamente um terço serão imigrantes brasileiros.
Segundo o primeiro-ministro Luís Montenegro, os dados mais recentes sugerem um número mínimo de 550 mil brasileiros residentes em Portugal – mas até devem ser mais.
E isso nota-se nas ruas, nos transportes, nas listas de amigos que temos. E também se nota… na língua portuguesa.
“Existe hoje uma contaminação do português de Portugal pelo português do Brasil“, começa por analisar José Manuel Diogo.
O professor – português – do Instituto Brasileiro de Ensino Desenvolvimento e Pesquisa diz no DN Brasil que “Portugal não pode esperar ter 700, 800 mil falantes de outras variantes de português, jovens, de população ativa – e que tudo continue na mesma“.
Porque “é a população ativa que muda as coisas, não a população que já não é ativa, nem os reformados”.
E há uma “mistura social com o português que não existe com outras línguas”, defendendo que essas diferenças não se devem transformar em obstáculos, mas sim em proximidade; “até em sentido de humor, mas que seja entendido por todos”.
José Manuel Diogo salienta que “é preciso entender que a língua vai mudar em Portugal. E é em Portugal que a língua vai mudar, não é no Brasil”.
Aliás, a mudança já está a acontecer. Há 50 anos: “A língua vai mudar, a língua está a mudar e está a mudar desde que começaram a passar a novela Gabriela Cravo e Canela em 1975″.
O professor sublinha também que os brasileiros que estão agora a morar em Portugal são brasileiros “com uma cultura própria, com um sentido de humor próprio, com um enquadramento histórico próprio e muito diverso, porque o Brasil é muito diverso e com muitas influências que já não são só portuguesas”.
“É preciso explicar aos portugueses que um imigrante em Portugal é uma coisa boa“, assegurou.
Para estar pronto para estas mudanças, e ainda segundo o professor, Portugal deveria criar um “kit cultural” com referências e aulas sobre as diferenças linguísticas para orientar os brasileiros que querem morar em Portugal. Um kit que até poderia ser apresentado por brasileiros que já vivem em Portugal.
O ideal, defende, é Portugal acolher as expressões que vêm do Brasil mas também mostrar o valor do português europeu. Porque há “diferenças pequenas, mas que podem gerar tensões se não forem cuidadas – e extremismos, se não forem compreendidas com empatia”.
Portugal já tem o kit favela há muito tempo… atrai pobre para trabalhar e rico para explorar… aquele que se muda e não se adapta só empata
Estamos sempre de cócoras e ainda temos de pedir desculpa poe estar de costa.s…
Mas quando tivemos um PM a dizer que sentia inveja do sotaque brasileiro está tudo dito.
País pobre que só importa ainda mais pobres.
Disse bem: Contaminação.
A nossa intolerância relativamente aos deputados brasileiros nas Cortes de Lisboa em 1820 levaram à separação de Portugal e do Brasil. Espero que tenhamos entretanto aprendido alguma coisa. Apesar dos trogloditas do Chega…
Nunca ouvi falar disso nem nunca li isso em lado nenhum. O que li foi que a Inglaterra ameaçou bombardear algumas regiões do Brasil que queriam manter-se no Estado Português e não aderir ao Brasil independente. O caso mais notório foi o Maranhão que é o território do Brasil que fica mais próximo de Portugal.
O problema é extamente essa teoria que uns pretensos entendidos no assunto nos quer impor aqui em Porutgal.
Quem vem é que se adapta e não o contrário. Poque é que temos de ser nós, na nossa terra a adaptarmo-nos?
Discordo em absoluto dessa teoría medíocre. Somos portuguêses, estamos em Portugal, falamos português. Quem chega, que se adapte. Somos diferentes? Clero que sim, mas são eles que vêm para cá e não o inverso. Aliás, os que vão daqui para lá, rapidamente se adaptam. Não deturpem a nossa língua. Adaptem-se para bem de todos. Não deam mais um pretexto ao extremismo político que com permissões destas vão chegar ao poder e adeus DEMOCRACIA.
ADAPTEM-SE
Obrigado.
Um licenciando em linguística e literatura aprende logo na Introdução à Linguística Geral que um língua é um acervo cultural e histórico demoradamente construído por um povo que também a vai fazendo evoluir muito, muito, lentamente.
Uma língua nacional é um bem de todos em geral e de ninguém em particular, sendo concedido a cada falante fazê-la sua nos seus actos individuais de fala. (Saussure explica isso aos incautos de boa fé).
Só as pessoas desconhecedoras do assunto se atrevem a emitir palpites sobre assunto tão sério. Enfim, o atrevimento por vezes só tem por limites o céu. Por isso os linguistas por formação científica nem se preocupam em corrigir tais opiniões.
Exatamente, a língua é viva e irá mudar com ou sem os brasileiros.
É só uma questão de tempo, ou por acaso alguém ainda fala “vossa mercê”?
…alguém ainda DIZ “vossa mercê”?…