Líderes do Occupy Central em liberdade uma hora depois de se entregarem

Lamuel Chung / Flickr

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Os três líderes do movimento Occupy Central que se entregaram esta quarta-feira às autoridades saíram em liberdade uma hora depois de terem entrado voluntariamente na esquadra da polícia para assumirem as consequências pelos protestos pró-democracia.

“Não fomos presos, deixaram-nos sair sem restrições à liberdade”, disse à imprensa Benny Tai, um dos três líderes do movimento iniciado há mais de dois meses, cofundado pelo jurista com o reverendo Chu Yiu-ming e o académico Chan Kin-man.

Benny Tai explicou que lhes pediram para preencher um formulário específico sobre as atividades do Occupy Central, no qual deviam responder sobre a participação em iniciativas como assembleias não autorizadas, incitação ao delito ou danos criminais.

“Penso que o assunto não fica arrumado hoje, mais tarde podem prender-nos e acusar-nos de crimes graves. Temos de esperar para ver”, acrescentou.

O professor universitário disse que o movimento Occupy Central ia assumir uma nova abordagem para promover a causa do sufrágio universal, incluindo através da educação e de uma nova carta social.

“O nosso plano é voltar à comunidade, não é regressar a Admiralty nesta altura. Só se os grupos decidirem pôr fim à ocupação é que vamos para lá para lhes prestar toda a ajuda de que necessitem”, disse, em declarações à agência espanhola Efe.

Conhecido pelas suas posições críticas contra a China, o cardeal Joseph Zen Ze-kiun juntou-se ao trio do Occupy Central e também se entregou às autoridades. Aos 82 anos, o antigo líder da Igreja Católica em Hong Kong é um apoiante declarado do movimento pró-democracia.

Outros cidadãos concentrados no exterior da esquadra da polícia de Central, perto de Sheung Wan, também fizeram fila para preencher os formulários e entregar-se às autoridades.

Entre a meia centena de apoiantes do movimento havia membros do Partido Democrático e elementos de outros grupos cívicos. Algumas músicas de gospel foram cantadas no local, segundo a Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK).

Outras dezenas de opositores das manifestações pró-democracia, incluindo do movimento Justiça e Aliança de Hong Kong, liderado por Leticia Lee, promoveram um protesto no local, afirmando que os três cofundadores do Occupy Central prejudicaram Hong Kong.

Ambos os grupos foram separados por uma forte presença policial no local.

O Governo central de Pequim autorizou o sufrágio universal para as próximas eleições para o chefe do executivo em Hong Kong, em 2017, mas sob o pressuposto de que os candidatos sejam selecionados por um comité eleitoral, uma condição rejeitada pelos manifestantes pró-democracia, que desde o final de setembro ocupam várias artérias na antiga colónia britânica.

Apesar de não haver uma acusação formal contra os promotores do movimento Occupy, as autoridades de Hong Kong e do interior da China têm referido os protestos como ilegais.

/Lusa

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