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Operação da Polícia Federal brasileira contra o PCC / Comando Vermelho
Portugal já é o país europeu com maior concentração de elementos do PCC, a maior e mais violenta organização criminosa da América do Sul. O gang, que tem um chefe infiltrado no nosso país e faz das prisões campo de recrutamento, usa os portos portugueses como porta de entrada de droga na Europa.
O Primeiro Comando da Capital (PCC), considerado a maior e mais violenta organização criminosa da América do Sul, tem já uma presença significativa em Portugal, com 87 membros identificados pelas autoridades brasileiras.
Entre os membros do PCC identificados no nosso país, 29 encontram-se infiltrados em estabelecimentos prisionais, que, diz o JN, é o local predileto de recrutamento desta “multinacional do crime”.
Portugal é já o país europeu com maior concentração de elementos do PCC, segundo uma investigação conduzida pelo Ministério Público de São Paulo.
A nível mundial, apenas o Paraguai, Venezuela, Bolívia e Uruguai superam os números portugueses desta organização criminosa que conta atualmente com cerca de 40 mil militantes distribuídos por 28 países.
A investigação brasileira revelou que existiam 2078 elementos da organização espalhados globalmente no final de 2023 — ano em que o número de elementos do PCC em Portugal mais do que duplicou.
O procurador de São Paulo, Lincoln Gakiya, que coordena um grupo de combate ao crime organizado, traça um retrato alarmante da presença da rede mafiosa em Portugal, onde se encontra mesmo um “chefe” deste sindicato do crime, diz o Correio da Manhã.
A organização estabeleceu uma estrutura hierárquica completa no país, incluindo um responsável pelo armamento e um elo de ligação com os membros detidos nos estabelecimentos prisionais portugueses.
Esta presença indica que o PCC não pretende apenas expandir-se na Europa, mas também implantar-se definitivamente no tráfico de droga em Portugal — operação a que a organização dá o nome de código de “Sintonia do Progresso“.
Gakiya alerta para aquele que considera ser o principal perigo representado pelo PCC: a sua origem e metodologia prisional.
“O maior perigo do PCC é a sua origem prisional. É nas cadeias que tem poder de organização e de ideologia, uma disciplina muito rígida e que se dissemina muito facilmente no sistema prisional”, explica o magistrado brasileiro.
Esta estratégia de recrutamento nas prisões representa uma ameaça particular para os países europeus, onde a organização procura estabelecer células operacionais através da infiltração no sistema penitenciário.
Roberto Ochôa, perito em criminalidade organizada e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, identificou Portugal como tendo “importância estratégica significativa” no plano de expansão do PCC.
Os portos portugueses — Sines, Leixões e Lisboa — constituem rotas logísticas atrativas para o tráfico de cocaína proveniente da América do Sul, diz o especialista ao JN. O PCC usa estes portos como principal porta de entrada na Europa, recorrendo a subornos generosos a funcionários portuários para introduzir toneladas de cocaína no continente.
A partilha da língua portuguesa e as fortes ligações culturais entre Brasil e Portugal facilitam a infiltração dos membros do PCC, permitindo-lhes “passar mais despercebidos do que noutros países europeus”. Adicionalmente, Portugal funciona como “plataforma giratória de distribuição de droga para o resto da Europa”.
Ao contrário da violência ostensiva observada no Brasil, a presença do PCC em Portugal manifesta-se através de “operações discretas de logística, tráfico e lavagem de dinheiro”, tornando a deteção mais complexa para as autoridades.
Com uma faturação anual estimada em 155,8 milhões de euros, esta multinacional do crime representa um desafio crescente e é “uma ameaça direta à soberania e à segurança do Estado”, salienta Ochôa.
Grande Costa!
Merecia uma CPI pelo mal que fez a este país.