Líder da oposição da Bolívia é detido e acusado de “terrorismo”

Luis Fernando Camacho, antigo candidato presidencial e um dos líderes da oposição ao Movimento para o Socialismo (MAS) na Bolívia, foi detido na quinta-feira, em Santa Cruz de la Sierra, acusado de “terrorismo”.

Segundo avançou o Público, é também acusado de envolvimento no processo que levou à destituição do ex-Presidente Evo Morales e à autoproclamação da então senadora Jeanine Áñez como chefe de Estado, em 2019.

Os seus apoiantes indicam que a detenção de Camacho, que é governador de Santa Cruz de la Sierra, é um “sequestro” com “motivações políticas”. Os protestos fizeram-se sentir durante a noite, com bloqueios de estradas, confrontos, edifícios públicos incendiados, veículos e a casa do ministro das Obras Públicas, Edgar Montaño.

Os manifestantes invadiram as pistas de aterragem e de descolagem dos aeroportos de Viru Viru e de El Trompillo e entraram nos aviões que estavam preparados para levantar voo, à procura de Camacho, líder da coligação conservadora e católica Creemos.

“Denunciamos perante o povo cruceño [de Santa Cruz], o povo boliviano e a comunidade internacional que o governador de Santa Cruz foi sequestrado, numa operação policial absolutamente irregular, e levado para um paradeiro desconhecido”, acusou o governo de Santa Cruz, num comunicado partilhado nas redes sociais.

“Responsabilizamos o Governo do Presidente Luis Arce pela integridade física e pela vida do governador de Santa Cruz”, acrescentou.

De seguida, a Procuradoria-Geral do Estado boliviano emitiu uma nota a dar conta de que Camacho tinha sido detido no âmbito da investigação Golpe de Estado I, lembrando que as acusações de “terrorismo” já tinham sido endereçadas em outubro.

Depois de Jeanine Áñez, Camacho é a segunda figura política mais importante a ser detida pelas autoridades no âmbito das investigações ao processo que levou à destituição de Morales. Detida preventivamente em março do ano passado, Áñez foi condenada em junho deste ano a dez anos de prisão.

“Não tenho medo na prisão da ditadura”, disse Camacho no Twitter. “Hoje fui sequestrado pela justiça do MAS. A minha única culpa é ter defendido a democracia e, junto a todo o povo unido, ter travado a fraude”.

Por sua vez, Evo Morales escreveu, na mesma rede social: “Finalmente, ao fim de três anos, Luis Fernando Camacho vai responder pelo golpe de Estado que derivou em roubos, perseguições, detenções e massacres por parte do Governo de facto. Confiamos que esta decisão se sustentará com a firmeza que o clamor de justiça do povo exige”.

ZAP //

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