Um dos suspeitos da violação coletiva de uma adolescente de 16 anos no Rio de Janeiro, um caso que chocou o Brasil, foi libertado depois de ter sido ouvido pela polícia no sábado.
Segundo a polícia militar, o suspeito, cuja identidade não foi revelada, foi conduzido à esquadra para interrogatório, enquanto cerca de 70 polícias lançaram uma operação na favela São José Operário (zona oeste) para tentar identificar os autores do crime que chocou o país.
O suspeito foi libertado por falta de provas, segundo o jornal O Estado de São Paulo, não havendo à data suspeitos detidos.
Na sexta-feira, a polícia civil tinha ouvido e libertado outros três suspeitos.
No início da operação na favela de São José Operário houve um tiroteio, mas não foram registados feridos. A polícia apreendeu três carros roubados e droga.
A violação da adolescente por mais de 30 homens no Rio de Janeiro consternou o Brasil e desencadeou uma série de condenações nas redes sociais, incluindo da Presidente com mandato suspenso, Dilma Rousseff, e do Governo interino.
A hashtag #EstuproNãoÉCulpaDaVítima inundou o Twitter nas últimas 24 horas e acompanhou a indignação de milhares de internautas contra a violação coletiva sofrida por uma jovem de 16 anos.
Um vídeo da agressão foi divulgado nas redes sociais, com imagens da menor nua e desmaiada, a sangrar, enquanto o autor da gravação comenta que foi violada por pelo menos 30 pessoas.
O caso provocou comoção no país e provocou a condenação da sociedade, da ONU, de Rousseff e do Presidente interino do Brasil, Michel Temer, que assumiu o cargo a 12 de maio.
Temer condenou hoje com a mais “absoluta veemência” a agressão sexual de que foi vítima a jovem no Rio de Janeiro, no passado fim de semana, e considerou “absurdo” que “em pleno século XXI” se tenha “que conviver com crimes bárbaros como esse”.
“Tomaremos medidas efetivas para combater a violência contra a mulher”, afirmou Temer na sua conta do Twitter, um dia depois de conhecida a brutal violação da adolescente.
O chefe de Estado interino adiantou que será criado um departamento na Polícia Federal para coordenar em todo o país o combate a crimes contra a mulher e sublinhou que o Governo está mobilizado, juntamente com o ministério público do Rio de Janeiro, para “castigar com rigor os autores da violação”.
A polícia já identificou quatro pessoas pela sua participação “direta ou indireta” na violação e “está a analisar” possíveis mandados de prisão, que ainda não foram emitidos.
Segundo relatou a jovem à polícia, durante a madrugada de sábado, foi até uma favela da zona oeste do Rio para se encontrar com um rapaz com quem mantinha uma relação.
A adolescente esteve sozinha com ele durante algumas horas e depois perdeu a consciência até domingo, quando despertou nua, dopada e rodeada de 33 homens armados com espingardas e pistolas.
O caso abriu um debate no Brasil sobre a chamada “cultura da violação” e provocou numerosas críticas, dentro e fora das redes sociais, contra a “sociedade machista”.
De acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, uma mulher é violada a cada 11 minutos no país e, em 2014, 47.636 pessoas sofreram uma agressão sexual.
/Lusa
O Brasil no seu melhor, com a justiça da trêta.