Lesão no joelho? “Só não fui um grande atleta porque tenho genes neandertais”

Nalguns casos, a sério. Noutros, é piada. O que é certo é que os joelhos são, muitas vezes, os “culpados” por carreiras desportivas que nunca aconteceram. Mas, afinal, não são o único culpado. Acaba de ser descoberta uma variante genética, herdada dos Neandertais, que limita o desempenho desportivo.

Os joelhos têm as costas largas e as orelhas quentes, de tantas vezes que são mencionados como os “culpados” por carreiras desportivas que nunca aconteceram. Quando não são as lesões, são os vícios…

Mas, afinal, há outro culpado.

Um estudo publicado na semana passada na Nature Communications revelou que os atletas portadores com genes neandertais podem ser impedidos de atingir o seu pico.

A investigação, que envolveu a análise a mais de 2700 indivíduos revelou que uma variante neandertal numa enzima envolvida na produção de energia foi associada a uma probabilidade 50% inferior de atingir um desempenho atlético de elite. No fundo, os portadores do gene neandertal tinham metade da probabilidade de se tornarem atletas de topo do que os que não tinham essa variante.

A mutação em causa influencia negativamente a atividade de uma enzima fundamental para a produção de energia no músculo esquelético.

Enzima AMPD1 está comprometida

Embora a variante Neandertal não esteja relacionada com nenhum problema de saúde grave, o seu impacto na capacidade do corpo para produzir energia durante o exercício intenso pode levar a uma redução do desempenho em desportos de resistência e de força.

Como explica a Live Science, durante o exercício, as células ganham energia através da decomposição de uma molécula chamada adenosina trifosfato (ATP), frequentemente descrita como as “baterias” do nosso corpo.

Uma forma de o nosso corpo criar ATP, especialmente durante o exercício intenso, é transformar duas moléculas de adenosina difosfato (ADP) numa molécula de ATP e uma de adenosina monofosfato (AMP).

O ATP produzido por esta reação é utilizado para alimentar processos energéticos nas nossas células, enquanto o subproduto AMP é removido por uma enzima chamada AMPD1. Os investigadores descobriram que esta enzima está comprometida nas pessoas com a variante do gene neandertal.

É esse o motivo pelo qual as pessoas portadoras do gene neandertal podem ter dificuldades com exercícios mais extremos, porque a enzima deficiente permitirá que o AMP se acumule nos músculos, dificultando a produção de ATP tão rapidamente quanto as células necessitam.

No entanto, é apenas durante os desportos de resistência ou em exercícios que exijam força muscular que os portadores podem estar em ligeira desvantagem.

Ou seja, ao contrário das lesões nos joelhos (que são realmente limitadoras) é pouco provável que a variante do gene neandertal afete as atividades diárias da maioria das pessoas, em que a energia é obtida por outros meios.

Miguel Esteves, ZAP //

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