As atenções voltaram-se este domingo, na cerimónia de entrega dos Óscares, para o prémio de melhor ator, que finalmente fez justiça a Leonardo DiCaprio, após quatro indicações frustradas na categoria.
O ator foi laureado por seu trabalho em “The Revenant: O Renascido”, no qual interpreta o explorador vingativo Hugh Glass.
Ao receber o prémio, DiCaprio deu um cunho ambientalista ao seu discurso: “As alterações climáticas são real. Isto está a acontecer agora. Esta é a ameaça mais urgente para toda a nossa espécie”, disse. “Precisamos apoiar os líderes de todo o mundo que falam para os povos indígenas, para a humanidade, as vozes que foram abafadas pela política da ganância”, completou.
“The Revenant: O Renascido” também rendeu o prémio de melhor realizador a Alejandro G. Iñárritu, que recebeu o seu segundo Óscar, e o de melhor fotografia a Emanual Lubezki, único na história do prémio a receber a estatueta por três anos consecutivos.
O título de melhor filme ficou para “O Caso Spotlight”, de Tom McCarthy, que também foi considerado o melhor argumento original.
“Este filme deu voz aos sobreviventes”, disse o produtor Michael Sugar, ao comentar a denúncia feita pelo filme que conta a história de um grupo de jornalistas, em Boston, que consegue levantar documentos que comprovam a prática de pedofilia por padres católicos.
“Este filme amplifica essa voz que, esperamos, venha a tornar-se um coro que vai ressoar por todo o caminho até o Vaticano”, acrescentou.
Ennio Morricone, o lendário compositor de trilhas sonoras de filmes como “O Bom, o Mau e o Vilão” e “Os Intocáveis”, finalmente ganhou um Óscar, seu primeiro em seis indicações. Aos 87 anos, Morricone tornou-se o mais idoso vencedor na história do Óscar, pela trilha do filme “Os 8 Odiados”, de Quentin Tarantino.
Indicada pela primeira vez, Brie Larson levou a estatueta de melhor atriz por “O Quarto de Jack”. A sueca Alicia Vikander foi melhor atriz secundária por “A Rapariga Dinamarquesa”, e Mark Rylance foi melhor ator secundário por “Ponte dos Espiões”.
“Mad Max: Fury Road”, de George Miller, foi o mais contemplado, com seis prémios: mistura de som, edição de som, montagem, caracterização, design de produção e guarda-roupa.
Vítimas de violação sobem ao palco durante atuação de Lady Gaga
Um dos momentos mais marcantes da cerimónia dos Óscares, na noite de domingo, foi a atuação de Lady Gaga.
A artista subiu ao palco do Dolby Theatre, em Los Angeles, para cantar “Til It Happens To You”, que faz parte da banda sonora do documentário “The Hunting Ground“, que aborda os casos de violação nos campus das universidades norte-americanas.
A atuação foi apresentada pelo vice-presidente, Joe Biden, e em palco, com Lady Gaga, estiveram vítimas de violação, para um final que motivou aplausos e lágrimas entre o público.
A canção estava na corrida para melhor música, mas perdeu para “Writings on the Wall”, de Sam Smith.
Ainda no que toca a temas polémicos, o anfitrião, o comediante negro Chris Rock, tratou com piadas irónicas os protestos feitos à academia de cinema pela ausência de negros nas principais indicações, que foi acompanhada nas redes sociais pela hashtaga #OscarsSoWhite.
“A grande questão é: por que estamos a protestar? Por que nestes Óscares? É a 88ª edição do prémio. Quer dizer que essa coisa toda de não indicarem negros aconteceu pelo menos outras 71 vezes. Imagine que poderia ter acontecido nos anos 50, nos 60… e tenho certeza de que não houve indicações. Sabe porquê? Porque tínhamos coisas de verdade para protestar naquela época”, disse Rock na sua intervenção inicial.
A entrega do Óscar aos melhores atores, técnicos e filmes de 2015 foi transmitida para todo o mundo, em direto, pela ABC, a partir do Dolby Theatre, em Los Angeles, nos Estados Unidos.
Lista de vencedores
Melhor filme: “Spotlight”
Melhor realizador: Alejandro G. Iñárritu, “O renascido”
Melhor ator: Leonardo DiCaprio, “O renascido”
Melhor atriz: Brie Larson, “O quarto”
Melhor ator secundário: Mark Rylance, “A ponte dos Espiões”
Melhor atriz secundária: Alicia Vikander, “A Rapariga dinamarquesa”
Melhor filme de animação: “Divertida-mente”
Melhor argumento original: “Spotlight” (Tom McCarthy e Josh Singer)
Melhor argumento adaptado: “A queda de Wall Street” (Charles Randolph e Adam McKay)
Melhor filme estrangeiro de língua não inglesa): “O filho de Saul” (Hungria)
Melhor desenho de produção: “Mad Max: Estrada da Fúria” (Colin Gibson)
Melhor fotografia: “O renascido” (Emmanuel Lubezki)
Melhor guarda-roupa: “Mad Max: Estrada da Fúria” (Jenny Beavan)
Melhor Montagem: “Mad Max: Estrada da Fúria” (Margaret Sixel)
Melhores efeitos visuais: “Ex Machina” (Andrew Whitehurst, Paul Norris, Mark Ardington e Sara Bennett)
Melhor caracterização: “Mad Max: Estrada da Fúria” (Lesley Vanderwalt, Elka Wardega e Damian Martin)
Melhor Montagem de Som: “Mad Max: Estrada da Fúria” (Mark Mangini e David White)
Melhor Mistura de Som: “Mad Max: Estrada da Fúria” (Chris Jenkins, Gregg Rudloff e Ben Osmo)
Melhor banda Sonora: “Os oito odiados” (Ennio Morricone)
Melhor canção original:”Writing’s on the wall” (“007-Spectre”), Sam Smith e Jimmy Napes
Melhor documentário: “Amy”, de Asif Kapadia
Melhor documentário em curta-metragem: “A girl in the river: the price of forgiveness”
Melhor curta-metragem: “Stutterer”, de Benjamin Cleary e Serena Armitage
Melhor curta-metragem de animação: “Bear Story”, de Gabriel Osorio