Viagens dos animais equipados com câmaras leves e dispositivos de localização identificaram seis novos habitats no sul da Austrália.
Investigadores australianos desenvolveram recentemente uma nova abordagem para explorar o fundo do mar: leões-marinhos equipados com câmaras.
A técnica permitiu mapear habitats subaquáticos desconhecidos e recolher dados essenciais sobre ecossistemas ameaçados, particularmente no sul da Austrália, onde o conhecimento sobre áreas marinhas é ainda limitado.
Segundo o National Geographic, os cientistas utilizaram leões-marinhos-australianos (Neophoca cinerea), uma espécie em perigo de extinção, como cinegrafistas subaquáticos. O estudo abrangeu uma área de 5.000 quilómetros quadrados e identificou seis tipos de habitats bentónicos (aqueles em que os organismos vivem ‘colados’ ao substrato): recifes de macroalgas, prados de macroalgas, fundos de areia, zonas de esponjas e areia, recifes de invertebrados e áreas rochosas habitadas por invertebrados.
O avanço só foi possível graças à instalação de câmaras leves e dispositivos de localização em oito fêmeas adultas de duas colónias, Olive Island e Seal Bay. Os dispositivos, que pesavam menos de 1% do peso corporal dos animais, foram fixados de forma a nunca interferirem com os seus movimentos.
Através da monitorização por GPS e satélite, os investigadores acompanharam os leões-marinhos em tempo real, permitindo-lhes recolher 89 horas de vídeo subaquático, segundo o estudo publicado na Frontiers in Marine Science. A equipa integrou também 21 anos de dados oceanográficos para aprimorar as previsões sobre a estrutura destes habitats.