Jeki Matos / Facebook
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Em entrevista à SIC, Jeki Matos, que fugiu da prisão de Caxias há 8 anos, revelou todos os detalhes do seu plano, desde os subornos aos guardas ao carro que usou para chegar a Madrid, de onde partiu para Israel.
A fuga de Jeki Matos da cadeia de Caxias teve contornos dignos de um filme de Hollywood. Durante sete meses, o detido conseguiu serrar as grades da sua cela sem ser descoberto, escapando de uma prisão de segurança elevada, onde cumpria pena preventiva por assaltos violentos a jogadores de casino.
O caso foi revelado pela SIC, que entrevistou o fugitivo oito anos depois, a viver em Israel, um país que não tem acordo de extradição com Portugal. As autoridades portuguesas já viram recusados dois pedidos de extradição, dado que Jeki Matos possui nacionalidade israelita.
Segundo o fugitivo, o plano de fuga incluiu pagamentos de subornos de cerca de 60 mil euros a guardas prisionais para facilitar a fuga, obtendo telemóveis, serras, tinta e cimento para ocultar os seus avanços. Também pagou para que dois reclusos chilenos fossem transferidos para a sua cela e participassem na evasão.
“Paguei cerca de 60 mil euros a guardas prisionais. Na prisão, fala mais alto o dinheiro, qualquer preso que quisesse corromper um guarda, tendo dinheiro, consegue facilmente fazê-lo“, afirma.
No dia da fuga, um sábado de nevoeiro, Matos usou lençóis como corda para atravessar o muro da prisão. Seguiu até Madrid num carro comprado no OLX, onde comprou um bilhete de avião no mesmo dia e embarcou para Telavive utilizando um passaporte israelita que não tinha sido apreendido pela Polícia Judiciária.
O juiz conselheiro Celso Manata, à data diretor-geral dos Serviços Prisionais, revelou que existiam fortes indícios de corrupção no caso e questionou como foi possível que os guardas não tivessem percebido a serragem das grades, dado que um dos procedimentos de segurança envolve testar a integridade das janelas.
O Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional repudiou a atuação dos guardas envolvidos. Apesar das suspeitas, o inquérito instaurado pelos Serviços Prisionais foi arquivado, sem encontrar provas de corrupção ou violação de deveres funcionais.
Atualmente a residir perto de Telavive, Jeki Matos afirma ter mudado de vida. “Tenho uma vida normal, trabalho há oito anos na mesma empresa. Renasci. Sou uma pessoa diferente”, disse.
Apesar de admitir ter lucrado mais de um milhão de euros com os assaltos, diz não temer uma eventual extradição, que considera impossível sob as leis israelitas.