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“Plumas de odor”. Os lémures conseguem sentir o cheiro da fruta a mais de 17 metros de distância

Os lémures usam o seu olfato para localizar frutas escondidas a mais de 17 metros de distância na floresta. Contudo, isto só acontece quando o vento sopra o cheiro da fruta na sua direção, revela um novo estudo.

Vários animais usam o seu olfato para localizar comida, mas até agora pouco se sabia sobre se os primatas conseguiam cheirar alimentos a uma longa distância ou se dependiam de pistas visuais – ou da memória – para encontrar a sua próxima refeição.

Isto porque muitos primatas – incluindo os lémures de cauda anelada, cuja dieta é uma mistura de frutas e folhas – vivem em florestas onde as árvores e a folhagem limitam a sua visibilidade e a capacidade de cheirar e localizar frutas distantes. No entanto, as novas descobertas explicam como o processo ocorre.

“Esta é a primeira vez que uma pesquisa mostra que os primatas podem captar um cheiro distante trazido pelo vento”, sublinha a autora principal do estudo Elena Cunningham.

Para realizar o estudo, que foi publicado no American Journal of Physical Anthropology, os investigadores testaram se um grupo de lémures de cauda anelada, que vivem na Lemur Conservation Foundation, poderia detetar frutas escondidas usando apenas o olfato.

Assim, os especialistas esconderam vários recipientes entre a vegetação da floresta – alguns continham mesmo melão e outros apenas melão falso – a uma distância entre 1 e 17 metros de um caminho que os lémures percorriam frequentemente. Os recipientes não eram visíveis, por isso os primatas tiveram de usar o seu olfato para localizar a fruta.

Desta forma, percebeu-se que os cheiros captados são transportados pelo vento em “plumas de odor”, nas quais os animais navegam monitorizando a intensidade do cheiro enquanto se movem. Primeiro os lémures farejam o ar num determinado local, depois movem-se e sentem o ar novamente para garantir que estão a aproximar-se do cheiro certo, refere o Futurity.

Ao detetar o cheiro da fruta, os lémures farejaram o ar em um ou mais locais enquanto se moviam em direção aos alimentos. Por vezes, depois de detetar o cheiro, os primatas voltavam a locais onde o melão tinha sido escondido antes de passar pelo processo de rastreamento da nuvem de odor, sugerindo que as pistas olfativas podem desencadear memórias de refeições anteriores.

Embora os recipientes escondidos a uma distância maior fossem encontrados mais tarde, os animais conseguiram encontrar melão escondido a uma distância até 17 metros. O estudo diz ainda que os recipientes de melão falso não foram encontrados.

“Os lémures foram capazes de detetar o cheiro do melão entre os cheiros complexos da floresta e conduzir com sucesso a pluma de odor até à fruta”, afirma Cunningham, acrescentando que “os resultados indicam que o olfato pode ser usado para responder a sinais de fontes distantes”.

Ana Isabel Moura, ZAP //

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