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Legionella pode ter cruzado Rio Minho (mas não se sabe de onde veio). Já há 18 infectados

Janice Haney Carr / CDC

Bacterias Gram-negativas de Legionella pneumophila

Especialistas portugueses e espanhóis estão a trocar informações sobre os casos de ‘legionella’ que surgiram recentemente em ambos os países. Falta descobrir a fonte da infecção, mas suspeita-se que a bactéria atravessou a fronteira.

O departamento de Saúde da Junta da Galiza (Xunta da Galicia) revelou estar a colaborar com Portugal na investigação dos surtos de ‘legionella’ naquela região espanhola e no concelho de Caminha, com o objetivo de perceberem se os 18 casos identificados estão relacionados.

“Os especialistas vão analisar e sequenciar as amostras recolhidas nas localidades afectadas para determinar se têm relação”, informa o Departamento de Saúde da Junta de Galiza, numa nota de imprensa enviada à Lusa.

A instituição acrescenta que a equipa da Direcção Geral de Saúde Pública se reuniu “com os homólogos em Portugal para trocar informações sobre os casos de ‘legionella’ galega e os detectados no Norte de Portugal”, em Caminha.

“Ainda não é possível concluir qual a fonte de exposição” à bactéria da ‘legionella’, refere o departamento de saúde espanhol, recordando que “o contágio ocorre, geralmente, por meio de aerossóis”.

“Contágio entre pessoas é impossível”

A bióloga Ana Carmen Aguirre, especialista em ‘legionella’ explicou, em entrevista à Rádio espanhola Cadena SER que “o contágio entre pessoas é impossível”.

“Mas os aerossóis podem ser transportados pelo ar, desde que o foco seja um foco ambiental, que esteja situado no exterior”, salientou a bióloga, dando como exemplos “uma torre de refrigeração de uma indústria, de uma central térmica ou de um centro comercial que tenha uma torre grande que esteja a emanar aerossóis contaminados”.

“Se tivermos rajadas, o aerossol pode deslocar-se até dois quilómetros, isso está comprovado”, acrescentou Aguirre.

“Pode ser também que as pessoas [infectadas em A Guarda e O Rosal] frequentem o mesmo lugar. Por exemplo, um polidesportivo ou algum tipo de actividade em que tomem duche a seguir”, notou ainda.

Como a contaminação se dá por inalação de aerossóis contaminados, a especialista recomenda que se limpem torneiras e duches, e que se mantenha a água no termoacumulador acima dos 60 graus.

10 infectados na Galiza e 8 em Caminha

Dez pessoas estão infectadas com ‘legionella’ nos municípios de A Guarda e O Rosal, na Galiza, sendo que sete permanecem hospitalizados.

Em Caminha, situada do outro lado do rio Minho, foram identificados oito casos.

Já foi iniciada uma investigação ambiental, com recolha de amostras de água das zonas onde residem as pessoas afectadas na Galiza, assim como do domicílio de cinco delas, mas os resultados “foram negativos”.

A Guarda fica em frente ao concelho de Caminha. Os dois municípios estão separados por cerca de seis quilómetros e pelo rio Minho.

A ligação por ‘ferryboat’ entre os dois concelhos foi suspensa.

O primeiro doente de Caminha infectado com ‘legionella’ foi notificado às autoridades de saúde no dia 10 de Novembro e o sétimo nesta quarta-feira, dia 15.

Cinco dos infectados residem em Vila Praia de Âncora, dois em Moledo e um em Vilarelho, naquele concelho.

O delegado de Saúde do Alto Minho, Luís Delgado, disse na sexta-feira à Lusa que o surto de ‘legionella’ estava “restrito”, ao passo que 12 colheitas para apurar a origem da bactéria foram enviadas para o Instituto Ricardo Jorge, no Porto.

ZAP // Lusa

 

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