Os entomologistas costumam dizer que uma abelha é “a versão vegetariana de uma vespa”, mas novas pesquisas mostram que esta afirmação não é verdadeira. As abelhas são, na verdade, omnívoros e a sua carne são os micróbios.
Das mais de 20 mil espécies de abelhas existentes na Terra, praticamente todas são consideradas herbívoras estritas, com a rara exceção das abelhas sem ferrão, que se alimentam de fungos.
As abelhas adultas consomem grandes quantidades de néctar como fonte de carboidratos. Por sua vez, as larvas consomem pólen durante o seu desenvolvimento. Dentro dele, multiplicam-se vários micróbios.
Durante o processo, os micróbios aumentam o valor nutricional do pólen, enriquecendo-o com aminoácidos – os blocos de construção das proteínas – que nem sempre as plantas de flores fornecem.
Os micróbios não se servem apenas como fontes de aminoácidos, uma vez que segregam enzimas que ajudam a quebrar e a envelhecer o pólen cru numa forma mais nutritiva conhecida como beebread.
“As abelhas exigem que as proteínas não-vegetais desses simbiontes transmitidos pelo pólen completem o seu crescimento e desenvolvimento – o que as torna omnívoras“, disse Shawn Steffan, entomologista da da Universidade de Wisconsin-Madison, citado pelo Sci-News.
No estudo, recentemente publicado na The American Naturalist, Steffan e os seus colegas da Universidade de Wisconsin-Madison, de Cornell e de Hokkaido usaram métodos baseados em isótopos e cromatografia gasosa para calcular a proporção de nitrogénio em dois tipos de aminoácidos (ácido glutâmico e fenilalanina) nos tecidos de abelhas adultas e em beebread.
Este método foi escolhido graças à sua precisão na determinação da posição trófica de um organismo – onde ele se situa na proverbial rede alimentar da vida com base no fluxo de nutrientes e energia dos produtores para os consumidores desses recursos.
A análise de isótopos revelou que o consumo das plantas e das proteínas microbianas das crias de abelhas justificava o aumento do status trófico do inseto de um herbívoro para um omnívoro.
Os autores do estudo observaram o apetite por proteínas microbianas entre as ninhadas que abrangeram 14 espécies distribuídas em todas as principais famílias de abelhas sociais e solitárias – Melittidae, Apidae e Megachilidae foram algumas das espécies analisadas.
“Os resultados ressaltam a necessidade de estudar os efeitos que o uso de fungicida nas plantações de flores pode ter na composição microbiana do pólen alimentado para a criação e, por sua vez, no seu desenvolvimento”, rematou Steffan.
O Homem também é omnívoro, embora haja por aí uns crentes que acham o contrário. Afinal, à medida que a Ciência evolui, vai-se descobrindo: Mais e mais animais que se pensavam vegetarianos… afinal não são! Lá se vão as crenças dos fanáticos. De derrota em derrota, até à derrota final.