NASA descola em direção a Europa para estudar um oceano extraterrestre pela primeira vez

Cristobal Herrera-Ulashkevich / EPA

A missão SpaceX Europa da NASA, num foguetão SpaceX Falcon Heavy, descola do Complexo de Lançamento 39A, no Centro Espacial Kennedy da agência, em Cabo Canaveral, Florida, EUA.

Sonda lançada com sucesso esta segunda-feira em direção a Europa, uma das mais conhecidas luas de Júpiter,  no âmbito da inédita missão Europa Clipper pode mesmo vir a responder à eterna pergunta: estamos sozinhos?

O furacão Milton atrasou o lançamento por quatro dias, mas finalmente aconteceu: a NASA enviou com sucesso para o Espaço esta segunda-feira a sonda que vai estudar o mundo oceânico da lua de Júpiter!

O feito é inédito, uma vez que esta é a primeira vez que uma missão se dedica a investigar um oceano para lá do planeta Terra.

A pioneira missão Europa Clipper, que vai passar pela lua Europa 49 vezes, tem como objetivo estudar o enorme oceano salgado que se pensa estar debaixo de uma enorme camada de gelo do satélite natural do maior planeta do Sistema Solar.

O objetivo, a longo prazo, é saber se esta lua é ou não habitável para a vida como a conhecemos.

Estima-se que o oceano da lua contenha duas vezes mais água líquida do que os oceanos da Terra. Há décadas que se acredita que água, energia e a química necessária podem existir na lua de Júpiter. Nessa água, pode existir vida na forma de microrganismos, acreditam os cientistas.

A sonda entrou em órbita com sucesso esta segunda-feira a bordo de um foguetão da empresa do milionário Elon Musk, Space X, entre gritos de excitação de toda a equipa da agência espacial norte-americana.

Por enquanto, está tudo bem: a NASA confirmou que recebeu um sinal da sonda cerca de uma hora e 10 minutos após o lançamento, o que significa que o controlo da missão está a comunicar com a nave espacial e a receber dados.

Pelo caminho estão 2,9 mil milhões de quilómetros, percorridos com a ajuda da gravidade dos planetas — incluindo Terra e Marte — que vai ajudar a maior nave espacial alguma vez construída pela NASA a gastar menos combustível e a ganhar velocidade.

Os seus enormes painéis solares vão ajudá-la a absorver luz solar suficiente para alimentar a parte eletrónica da nave que estará cinco vezes mais longe do Sol do que nós, terrestres.

A Clipper transporta nove instrumentos e uma experiência de gravidade para investigar o oceano sob a espessa camada de gelo da lua Europa, mas não só: também leva mais de 2,6 milhões de nomes enviados por pessoas de todo o mundo, acompanhados de um poema da poetisa norte-americana Ada Limón.

“Este é o início da nossa viagem de descoberta”, disse Jenny Kampmeier, engenheira de sistemas científicos no Laboratório de Propulsão a Jato da NASA em Pasadena, Califórnia, durante a transmissão em direto da NASA: “tudo o que vamos aprender com Europa é simplesmente espantoso. Todas as disciplinas científicas podem realmente ganhar algo com isto, e vai mudar a nossa compreensão do nosso lugar no Universo se este for um mundo que possa suportar vida”.

A Europa Clipper não foi concebida para procurar provas de vida em Europa, mas utilizará os instrumentos para verificar se é possível a existência de vida num oceano de outro planeta do nosso sistema solar.

Com o apoio de câmaras e espectómetros, a missão vai determinar a espessura exata da enorme camada de gelo que envolve a lua e a sua interação com o oceano que está por baixo. Um magnetómetro estudará o campo magnético da lua e confirmará a existência do oceano de Europa, bem como a sua profundidade e teor de sal.

A equipa também espera confirmar a presença de plumas de água, previamente detetadas pela sonda Galileo da NASA e pelo telescópio espacial Hubble.

Prevê-se que a Europa Clipper chegue a Júpiter em abril de 2030.

Tomás Guimarães, ZAP //

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