Sonda lançada com sucesso esta segunda-feira em direção a Europa, uma das mais conhecidas luas de Júpiter, no âmbito da inédita missão Europa Clipper pode mesmo vir a responder à eterna pergunta: estamos sozinhos?
O furacão Milton atrasou o lançamento por quatro dias, mas finalmente aconteceu: a NASA enviou com sucesso para o Espaço esta segunda-feira a sonda que vai estudar o mundo oceânico da lua de Júpiter!
O feito é inédito, uma vez que esta é a primeira vez que uma missão se dedica a investigar um oceano para lá do planeta Terra.
A pioneira missão Europa Clipper, que vai passar pela lua Europa 49 vezes, tem como objetivo estudar o enorme oceano salgado que se pensa estar debaixo de uma enorme camada de gelo do satélite natural do maior planeta do Sistema Solar.
O objetivo, a longo prazo, é saber se esta lua é ou não habitável para a vida como a conhecemos.
Estima-se que o oceano da lua contenha duas vezes mais água líquida do que os oceanos da Terra. Há décadas que se acredita que água, energia e a química necessária podem existir na lua de Júpiter. Nessa água, pode existir vida na forma de microrganismos, acreditam os cientistas.
A sonda entrou em órbita com sucesso esta segunda-feira a bordo de um foguetão da empresa do milionário Elon Musk, Space X, entre gritos de excitação de toda a equipa da agência espacial norte-americana.
Leaving our water world, to explore another 🚀@EuropaClipper launched from @NASAKennedy at 12:06pm ET (16:06 UTC) on a @SpaceX Falcon Heavy, beginning a 1.8-billion-mile journey to explore the mysteries of Europa, Jupiter’s ocean moon. pic.twitter.com/IQ7uRSviMb
— NASA (@NASA) October 14, 2024
Por enquanto, está tudo bem: a NASA confirmou que recebeu um sinal da sonda cerca de uma hora e 10 minutos após o lançamento, o que significa que o controlo da missão está a comunicar com a nave espacial e a receber dados.
We hear you, @EuropaClipper!
The Deep Space Network in Canberra, Australia, has acquired signal. This is the first indicator that we’re communicating with the spacecraft. Next up: Full telemetry! pic.twitter.com/ROXkSCXMIS
— NASA JPL (@NASAJPL) October 14, 2024
Pelo caminho estão 2,9 mil milhões de quilómetros, percorridos com a ajuda da gravidade dos planetas — incluindo Terra e Marte — que vai ajudar a maior nave espacial alguma vez construída pela NASA a gastar menos combustível e a ganhar velocidade.
Os seus enormes painéis solares vão ajudá-la a absorver luz solar suficiente para alimentar a parte eletrónica da nave que estará cinco vezes mais longe do Sol do que nós, terrestres.
A Clipper transporta nove instrumentos e uma experiência de gravidade para investigar o oceano sob a espessa camada de gelo da lua Europa, mas não só: também leva mais de 2,6 milhões de nomes enviados por pessoas de todo o mundo, acompanhados de um poema da poetisa norte-americana Ada Limón.
Separation confirmed!
@EuropaClipper is now sailing through space on its own, bound for the Jupiter system. This “message in a bottle” carries the names and hopes of millions, as we voyage together to search for a habitable world beyond Earth. pic.twitter.com/iL3e7O916g— NASA (@NASA) October 14, 2024
“Este é o início da nossa viagem de descoberta”, disse Jenny Kampmeier, engenheira de sistemas científicos no Laboratório de Propulsão a Jato da NASA em Pasadena, Califórnia, durante a transmissão em direto da NASA: “tudo o que vamos aprender com Europa é simplesmente espantoso. Todas as disciplinas científicas podem realmente ganhar algo com isto, e vai mudar a nossa compreensão do nosso lugar no Universo se este for um mundo que possa suportar vida”.
A Europa Clipper não foi concebida para procurar provas de vida em Europa, mas utilizará os instrumentos para verificar se é possível a existência de vida num oceano de outro planeta do nosso sistema solar.
Com o apoio de câmaras e espectómetros, a missão vai determinar a espessura exata da enorme camada de gelo que envolve a lua e a sua interação com o oceano que está por baixo. Um magnetómetro estudará o campo magnético da lua e confirmará a existência do oceano de Europa, bem como a sua profundidade e teor de sal.
A equipa também espera confirmar a presença de plumas de água, previamente detetadas pela sonda Galileo da NASA e pelo telescópio espacial Hubble.
Prevê-se que a Europa Clipper chegue a Júpiter em abril de 2030.