Nomeação de Christine Lagarde mantém a expetativa de continuação de juros mínimos no BCE

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WEF / Wikimedia

Christine Lagarde

Uma política monetária semelhante à dos últimos anos, respondendo ao abrandamento económico recente com mais estímulos e descidas de taxas de juro, é o que se pode esperar de um Banco Central Europeu (BCE) liderado por Christine Lagarde.

Depois de ter sido a primeira mulher a ocupar o cargo de diretora geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), que suspendeu na terça-feira, Christine Lagarde prepara-se agora para quebrar a mesma barreira no BCE, uma instituição como um historial de falta de diversidade de género na sua liderança muito acentuado, noticiou o Público.

E, tendo em conta o que têm vindo a ser as posições assumidas pelo FMI e por si própria relativamente à condução da política monetária na zona euro, a expetativa neste momento é claramente de uma continuidade no BCE, com aqueles que defendem a necessidade de manutenção de políticas expansionistas a saírem vencedores.

Segundo o jornal diário, com formação em Direito, mas uma vasta experiência na condução da política económica, Christine Lagarde é aquilo a que, ao nível da política monetária, se denomina como uma “pomba”: alguém que defende em dado momento medidas mais expansionistas – como descida das taxas de juro – em contraponto com os chamados “falcões”, que defendem medidas mais restritivas.

Como líder do FMI, tem apoiado frequentemente ao longo dos últimos anos as medidas extraordinárias de estímulo aplicadas pelo BCE de Mario Draghi, incluindo a redução das taxas de juro para níveis mínimos históricos ou a compra de dívida pública em larga escala para aumentar a liquidez na economia.

europeancentralbank / Flickr

Mario Draghi

Em relação ao atual momento – em que um abrandamento da economia europeia está a fazer o BCE repensar a sua tentativa de regresso à normalidade da política monetária – Christine Lagarde deixou claro que prefere que o banco central seja bem mais lento na retirada dos estímulos que tem em vigor.

Num texto publicado a 05 de junho, a diretora executiva do FMI defendia que “a atividade económica global beneficiaria de um ritmo mais paciente de normalização monetária da Reserva Federal norte-americana e do BCE”.

Este tipo de declarações públicas criam a expetativa de que esta deverá, a partir de outubro, prolongar a política expansionista do BCE, mantendo as taxas a mínimos e não iniciando a redução do balanço do banco central, e estará preparada, tal como Mario Draghi, para “fazer o que for preciso” para preservar o euro em caso de nova crise grave.

Uma caraterística de Christine Lagarde que será também relevante para o seu mandato de oito anos no BCE é o facto de até aqui ter sido essencialmente uma política, indicou o Público. O papel que deve ser desempenhado pelo BCE é causa de divergências entre as capitais europeias, com Berlim, por exemplo, a preferir que o banco central contribuísse menos para aliviar os problemas orçamentais dos Estados.

Na eventualidade de uma nova crise financeira, essas divergências certamente acentuar-se-iam, e Chritine Lagarde teria de encontrar um equilíbrio entre a sua experiência de negociações políticas adquirida como ministra e no FMI durante a última crise e o seu novo papel de líder uma instituição supostamente independente dos governos e apenas preocupada com o seu mandato de estabilidade de preços.

TP, ZAP //

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1 Comment

  1. Depois do que fez como Ministra das Finanças em França e no FMI, só faltava a esta vigarista passar pelo BCE!!
    É bom comprovar que o mérito continua a ser tido em conta…

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